São Paulo, quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

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Foco

Herdeiros de artistas obtêm apoio para mudar nome de parque na av. Paulista

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Mal foi inaugurado no último domingo e o parque Mário Covas, na esquina da avenida Paulista com a alameda Ministro Rocha Azevedo (região central), já nasceu envolto numa polêmica com moradores e corre o risco de perder o nome do ex-prefeito e governador de SP, morto em 2001.
Herdeiros dos artistas e intelectuais da Semana de Arte Moderna de 1922 conseguiram emplacar na Câmara de Vereadores um projeto de lei para rebatizar o terreno de 5.400 m2 de René Thiollier (1882-1968), advogado e escritor paulistano e um dos mecenas do movimento modernista, que morou por 55 anos na mansão que havia ali.
A mudança foi proposta por descendentes das pintoras Anita Malfatti e Tarsila do Amaral e do próprio Thiollier.
"Fiquei muito aborrecida. É uma injustiça enorme porque Mário Covas nunca fez nada pela avenida Paulista. No começo achei que era mentira. Meu pai fez tudo para haver a semana de arte no Municipal", diz a filha Nazareth Thiollier, 90, nascida na mansão que havia no terreno.
"A Anita era muito amiga do René. Deviam dar o nome de quem mais usou o parque e mais trabalhou por ele. É a mesma coisa se pegassem o lugar onde a Anita nasceu e dessem o nome da Tarsila", diz Elisabeth Malfatti, sobrinha da pintora modernista.
"A memória de cada um tem de ser preservada no próprio lugar", afirma a artista Di Bonetti, curadora das obras de Anita Malfatti e que vai semanalmente à Câmara fazer lobby com os vereadores.

Adesões
O grupo diz já ter conseguido 5.000 adesões a um abaixo-assinado pela mudança de nome do parque.
Aprovada na comissão de Constituição e Justiça da Câmara, a discussão ferveu quando vereadores do PSDB se opuseram à mudança para manter a homenagem ao tucano Mário Covas.
"Sempre que possível consultamos o Executivo para saber se haverá veto. Ainda não sabemos a posição oficial do prefeito. A resistência maior é dos tucanos porque o governador era do PSDB", diz o vereador Eliseu Gabriel (PSB), autor do projeto.
Por enquanto, a Secretaria do Verde continua implacável para manter o nome do ex-governador. "A placa, na verdade, está errada. Vamos mudar para Prefeito Mário Covas", afirma Luiz Fernandes da Silva, diretor do parque.
A polêmica com a área hoje transformada em parque é antiga. Antes de ser desapropriado pela prefeitura, o terreno pertencia ao governo do Estado do Rio, que o havia comprado para construir uma agência do Banerj, o que nunca aconteceu. O banco que foi privatizado em 1997.
Em 1998, o governo fluminense alugou o lote para um estacionamento, fechado em 2005 por falta de alvará. Só de IPTU atrasado, havia uma dívida acumulada que ultrapassava R$ 9 milhões na época da desapropriação, segundo informou a prefeitura.


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