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Foco
Herdeiros de artistas obtêm apoio para mudar nome
de parque na av. Paulista
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
Mal foi inaugurado no último domingo e o parque Mário
Covas, na esquina da avenida
Paulista com a alameda Ministro Rocha Azevedo (região
central), já nasceu envolto numa polêmica com moradores
e corre o risco de perder o nome do ex-prefeito e governador de SP, morto em 2001.
Herdeiros dos artistas e intelectuais da Semana de Arte
Moderna de 1922 conseguiram emplacar na Câmara de
Vereadores um projeto de lei
para rebatizar o terreno de
5.400 m2 de René Thiollier
(1882-1968), advogado e escritor paulistano e um dos
mecenas do movimento modernista, que morou por 55
anos na mansão que havia ali.
A mudança foi proposta por
descendentes das pintoras
Anita Malfatti e Tarsila do
Amaral e do próprio Thiollier.
"Fiquei muito aborrecida. É
uma injustiça enorme porque
Mário Covas nunca fez nada
pela avenida Paulista. No começo achei que era mentira.
Meu pai fez tudo para haver a
semana de arte no Municipal", diz a filha Nazareth
Thiollier, 90, nascida na mansão que havia no terreno.
"A Anita era muito amiga
do René. Deviam dar o nome
de quem mais usou o parque e
mais trabalhou por ele. É a
mesma coisa se pegassem o
lugar onde a Anita nasceu e
dessem o nome da Tarsila",
diz Elisabeth Malfatti, sobrinha da pintora modernista.
"A memória de cada um
tem de ser preservada no próprio lugar", afirma a artista Di
Bonetti, curadora das obras
de Anita Malfatti e que vai semanalmente à Câmara fazer
lobby com os vereadores.
Adesões
O grupo diz já ter conseguido 5.000 adesões a um abaixo-assinado pela mudança de nome do parque.
Aprovada na comissão de
Constituição e Justiça da Câmara, a discussão ferveu
quando vereadores do PSDB
se opuseram à mudança para
manter a homenagem ao tucano Mário Covas.
"Sempre que possível consultamos o Executivo para saber se haverá veto. Ainda não
sabemos a posição oficial do
prefeito. A resistência maior é
dos tucanos porque o governador era do PSDB", diz o vereador Eliseu Gabriel (PSB),
autor do projeto.
Por enquanto, a Secretaria
do Verde continua implacável
para manter o nome do ex-governador. "A placa, na verdade, está errada. Vamos mudar
para Prefeito Mário Covas",
afirma Luiz Fernandes da Silva, diretor do parque.
A polêmica com a área hoje
transformada em parque é antiga. Antes de ser desapropriado pela prefeitura, o terreno
pertencia ao governo do Estado do Rio, que o havia comprado para construir uma
agência do Banerj, o que nunca aconteceu. O banco que foi
privatizado em 1997.
Em 1998, o governo fluminense alugou o lote para um
estacionamento, fechado em
2005 por falta de alvará. Só de
IPTU atrasado, havia uma dívida acumulada que ultrapassava R$ 9 milhões na época da
desapropriação, segundo informou a prefeitura.
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