São Paulo, quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

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PAC financia construção de casas sobre lixão

São 1.277 moradias populares em Boa Vista (RR) que ficarão onde funcionava lixão a céu aberto; já há pessoas vivendo no local

A área, que era antes uma invasão, foi regularizada pelo governo de Roraima ainda na gestão de Ottomar Pinto, morto em 2007

ANDREZZA TRAJANO
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM BOA VISTA (RR)

O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) está financiando a construção de 1.277 casas populares em Boa Vista (RR) no mesmo local onde já funcionou um lixão a céu aberto no município. O local fica ainda ao lado de uma usina de asfalto, com a lagoa de estabilização ao fundo (onde é tratado o esgoto da capital) e de frente para a rodovia BR-174.
A área, antes uma invasão, foi regularizada pelo governo de Roraima ainda na gestão de Ottomar Pinto (morto em 2007), que prometeu transformar o local em um bairro.
A obra é executada pelo Ministério das Cidades, em parceria com o Estado e o município. A construção das casas populares começou em agosto de 2008. A previsão é que todas as moradias fiquem prontas em junho. Já há, inclusive, pessoas morando no local.
Com R$ 40 milhões da gestão Lula e uma pequena parte financiada pelo Estado -não informada pelo governo estadual-, o projeto prevê, além da construção das casas populares, o abastecimento de água tratada, eletrificação, urbanização e 100% de cobertura de esgoto sanitário e pluvial.
Mas quem chega ao local logo percebe que a proposta ainda está longe da realidade. Os moradores convivem em meio ao lixo e a animais peçonhentos.
"É horrível morar aqui, mas não tenho para onde ir com minha família. Já matei cobra e rato aqui em casa e ainda convivemos com o mau cheiro do lixo, que piora quando chega o inverno", disse o morador e ajudante de pedreiro José Raimundo Barbosa Matias, 41.
Todos os dias ao abrir a porta e as janelas de casa, ele encontra um barranco de aproximadamente quatro metros do lixo que sobrou da época em que a região abrigava o lixão. "Quando estavam construindo as casas, pensei que iriam tirar todo o lixo, mas vejo que apenas afastaram um pouco."
Quem mora mais ao fundo das construções convive também com o cheiro que exala da lagoa de estabilização. Lá ainda são jogados animais mortos e lixo doméstico.

Estudo
Por causa da proximidade do lixo com as habitações, o CPRM (Serviço Geológico do Brasil) incluiu a área do conjunto dentro do programa de Geoquímica Ambiental e Geologia Médica -que analisa as águas superficiais, subterrâneas e o solo.
"O programa consiste em analisar a qualidade da água, contaminantes naturais e do homem. Também avalia se existem bolsões do gás metano, que é produzido pelo próprio lixo", afirmou o chefe do Naro (Núcleo de Apoio a Roraima) da CPRM, Jean Flávio Cavalcante de Oliveira.
Os trabalhos deverão começar na segunda quinzena de março, com a coleta de matérias para contar o tempo do lixo, perfurações do solo, avaliação da degradação do solo, entre outros pontos.


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