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PAC financia construção de casas sobre lixão
São 1.277 moradias populares em Boa Vista (RR) que ficarão onde funcionava lixão a céu aberto; já há pessoas vivendo no local
A área, que era antes uma invasão, foi regularizada pelo governo de Roraima ainda na gestão de Ottomar Pinto, morto em 2007
ANDREZZA TRAJANO
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA,
EM BOA VISTA (RR)
O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) está financiando a construção de
1.277 casas populares em Boa
Vista (RR) no mesmo local onde já funcionou um lixão a céu
aberto no município. O local fica ainda ao lado de uma usina
de asfalto, com a lagoa de estabilização ao fundo (onde é tratado o esgoto da capital) e de
frente para a rodovia BR-174.
A área, antes uma invasão, foi
regularizada pelo governo de
Roraima ainda na gestão de Ottomar Pinto (morto em 2007),
que prometeu transformar o
local em um bairro.
A obra é executada pelo Ministério das Cidades, em parceria com o Estado e o município.
A construção das casas populares começou em agosto de
2008. A previsão é que todas as
moradias fiquem prontas em
junho. Já há, inclusive, pessoas
morando no local.
Com R$ 40 milhões da gestão
Lula e uma pequena parte financiada pelo Estado -não informada pelo governo estadual-, o projeto prevê, além da
construção das casas populares, o abastecimento de água
tratada, eletrificação, urbanização e 100% de cobertura de esgoto sanitário e pluvial.
Mas quem chega ao local logo
percebe que a proposta ainda
está longe da realidade. Os moradores convivem em meio ao
lixo e a animais peçonhentos.
"É horrível morar aqui, mas
não tenho para onde ir com minha família. Já matei cobra e
rato aqui em casa e ainda convivemos com o mau cheiro do lixo, que piora quando chega o
inverno", disse o morador e
ajudante de pedreiro José Raimundo Barbosa Matias, 41.
Todos os dias ao abrir a porta
e as janelas de casa, ele encontra um barranco de aproximadamente quatro metros do lixo
que sobrou da época em que a
região abrigava o lixão. "Quando estavam construindo as casas, pensei que iriam tirar todo
o lixo, mas vejo que apenas
afastaram um pouco."
Quem mora mais ao fundo
das construções convive também com o cheiro que exala da
lagoa de estabilização. Lá ainda
são jogados animais mortos e
lixo doméstico.
Estudo
Por causa da proximidade do
lixo com as habitações, o
CPRM (Serviço Geológico do
Brasil) incluiu a área do conjunto dentro do programa de
Geoquímica Ambiental e Geologia Médica -que analisa as
águas superficiais, subterrâneas e o solo.
"O programa consiste em
analisar a qualidade da água,
contaminantes naturais e do
homem. Também avalia se
existem bolsões do gás metano,
que é produzido pelo próprio lixo", afirmou o chefe do Naro
(Núcleo de Apoio a Roraima)
da CPRM, Jean Flávio Cavalcante de Oliveira.
Os trabalhos deverão começar na segunda quinzena de
março, com a coleta de matérias para contar o tempo do lixo, perfurações do solo, avaliação da degradação do solo, entre outros pontos.
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