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"Eu rezava 24 horas por dia", diz vítima
da Agência Folha, em Cubatão
O advogado e estudante de jornalismo José Oswaldo Passarelli
Júnior disse ter ficado acorrentado
durante todo o período em que
permaneceu em cativeiro.
Ele afirmou que passava o tempo
rezando. Ele usava como "terço" a
corrente que o aprisionava.
Leia a seguir os principais trechos da entrevista concedida por
Passarelli Júnior na tarde de ontem
na casa de seus pais, em Cubatão.
Agência Folha - Como foi a abordagem dos sequestradores?
José Oswaldo Passarelli Júnior -
Foi muito rápida. Pegaram-me por
trás e disseram: "Não olha". Aí, me
puseram um capuz e me colocaram no porta-malas do automóvel.
Agência Folha - O sr. sabia onde
era o cativeiro?
Passarelli Júnior - Eu sabia que
era na região de São Paulo, porque
para ligar para cá, eles discavam
013. Fiquei oito dias em um local e
o resto no lugar em que a polícia
acabou me localizando.
Agência Folha - O sr. sofreu violência?
Passarelli Júnior - Agressão física, não. Só intimidação psicológica. Diziam que iriam me matar se
não recebessem o dinheiro. Ficava
o dia todo acorrentado. No começo, as correntes eram nos braços e
mãos. Depois passaram a me deixar acorrentado com as mãos à
frente, mais espaçadas.
Agência Folha - O que o sr. fazia
no cativeiro durante o dia?
Passarelli Júnior - Rezava 24 horas por dia. Meu terço era a corrente, com 243 gomos. Rezava "Ave
Maria", que é triste, porque no finalzinho termina com "na hora de
nossa morte, amém". Então, ficar
rezando isso aí não é fácil. Rezei
muito, de dia, de noite.
Agência Folha - O que aconteceu
no momento da sua libertação?
Passarelli Júnior - A PM estava
atuando na área e o sequestrador
se apavorou e me soltou. Ele disse:
"Sai daqui, pelo amor de Deus". Eu
fui andando e encontrei vigilantes
da Guarda Portuária, que me abordaram. Aí, chegou a Polícia Militar, que localizou o cativeiro.
Agência Folha - Por que você
acha que foi sequestrado?
Passarelli Júnior - Acredito até
em confusão, porque não temos (a
família) muitos bens. A gente não
conseguiu o dinheiro que eles queriam. Foram baixos os valores negociados no final.
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