São Paulo, terça-feira, 28 de fevereiro de 2006

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Daspu desfila e faz homenagem a prostituta

PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Doze prostitutas, de idades que variam de 22 a 59 anos e integrantes da ONG Davida, que fundou a grife Daspu em dezembro último, saíram anteontem no segundo carro da escola de samba Caprichosos de Pilares com os seios de fora. A associação trabalha pelo direito das prostitutas do Rio e existe desde 1992.
Na concentração, antes do desfile, sua presidente (que prefere ser chamada de coordenadora), Gabriela Leite, 54, explica que "o carro homenageia Maria Ortiz, uma prostituta que viveu em 1625". "Ela era da cidade alta, em Vitória, no Espírito Santo, e, quando os holandeses tentaram tomar a capital, Maria liderou um grupo de mulheres que jogou água fervendo neles. Na hora em que os soldados chegaram, elas já tinham expulsado muitos dos invasores", conta Gabriela.
Nesse momento, uma das integrantes do carro grita: "Minha calcinha sumiu quando eu fui tirar a foto, sacanagem!". Outra informa ao repórter que, por ela, iria sem a parte de baixo também. A saia da fantasia, em camadas, é preta, dourada e vermelha. À frente do carro, no chão, vai o apresentador Max Fivelinha.
Gabriela Leite diz que não faz mais programa, mas luta pelos seus direitos, já que "puta não se aposenta".
O marido de Gabriela e assessor de imprensa da Daspu, Flávio Leite, conta que, desde a sua inauguração, o site da grife Daspu já recebeu 250 mil acessos e vendeu 10 mil camisetas. "A maior parte da nossa clientela é de São Paulo; o segundo lugar é Brasília", afirma o assessor de imprensa.
Leite diz que a pendenga com a butique de luxo paulistana Daslu, que teria entrado com uma notificação extra-judicial contra a Daspu reclamando o uso do nome "não deu em nada". "Elas iam à Justiça, não foram; nós não cobramos", diz. Questionado sobre o fato de ser casado com uma prostituta em um país especialmente machista?, ele diz que "parece incomum, mas tem muito marido de puta, você nem imagina".


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