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Cidade que lidera ranking não tem delegado
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA
"Que coincidência você me
ligar para falar sobre isso, porque eu acabei de ir ver um corpo", disse ontem o prefeito de
Colniza (MT), Adir Ferreira
(sem partido), ao atender a Folha para conversa sobre a primeira colocação da cidade no
índice proporcional de homicídios do Mapa da Violência.
Sem delegado há quatro meses, isolada na Amazônia e com
o poder público municipal
combalido por acusações de
corrupção, Colniza ostenta, de
acordo com o levantamento da
OEI (Organização dos Estados
Ibero-americanos), taxa média
de homicídios de 165,3 casos
por 100 mil habitantes.
Boa parte dessas mortes é
causada pelo conflito fundiário,
origem histórica da violência
no norte de Mato Grosso, região que abriga outras três das
dez cidades campeãs nacionais
de homicídios: Juruena (2º lugar), São José do Xingu (5º) e
Aripuanã (8º).
"Aqui há crime organizado
que age na grilagem de terras",
afirmou o prefeito Ferreira,
que assumiu o posto de Sérgio
Bastos (PMDB), afastado no final do ano passado por improbidade administrativa. "Matam
para extrair madeira", disse.
Há também problemas na
atuação policial. Quando um
crime ocorre, afirmou o prefeito, a investigação tem que esperar pelo delegado de Aripuanã,
a 150 km, que leva até 12 horas
para chegar.
Para Naldson da Costa, coordenador do Núcleo de Estudos
da Violência e Cidadania da
UFMT (Universidade Federal
de Mato Grosso), a presença do
Estado é dificultada pela "enorme extensão territorial" de municípios da região. "É uma terra
sem lei".
Com cerca de 14 mil habitantes, a área de Colniza é 18 vezes
maior do que a da cidade de São
Paulo.
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