São Paulo, quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Cidade que lidera ranking não tem delegado

JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA

"Que coincidência você me ligar para falar sobre isso, porque eu acabei de ir ver um corpo", disse ontem o prefeito de Colniza (MT), Adir Ferreira (sem partido), ao atender a Folha para conversa sobre a primeira colocação da cidade no índice proporcional de homicídios do Mapa da Violência.
Sem delegado há quatro meses, isolada na Amazônia e com o poder público municipal combalido por acusações de corrupção, Colniza ostenta, de acordo com o levantamento da OEI (Organização dos Estados Ibero-americanos), taxa média de homicídios de 165,3 casos por 100 mil habitantes.
Boa parte dessas mortes é causada pelo conflito fundiário, origem histórica da violência no norte de Mato Grosso, região que abriga outras três das dez cidades campeãs nacionais de homicídios: Juruena (2º lugar), São José do Xingu (5º) e Aripuanã (8º).
"Aqui há crime organizado que age na grilagem de terras", afirmou o prefeito Ferreira, que assumiu o posto de Sérgio Bastos (PMDB), afastado no final do ano passado por improbidade administrativa. "Matam para extrair madeira", disse.
Há também problemas na atuação policial. Quando um crime ocorre, afirmou o prefeito, a investigação tem que esperar pelo delegado de Aripuanã, a 150 km, que leva até 12 horas para chegar.
Para Naldson da Costa, coordenador do Núcleo de Estudos da Violência e Cidadania da UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso), a presença do Estado é dificultada pela "enorme extensão territorial" de municípios da região. "É uma terra sem lei".
Com cerca de 14 mil habitantes, a área de Colniza é 18 vezes maior do que a da cidade de São Paulo.


Texto Anterior: Interior cresce sem lei, diz ONG de direitos humanos
Próximo Texto: Mortes no trânsito registram os piores números desde 1997
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.