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ADMINISTRAÇÃO
Parlamentares apostam que vice, se assumir, tentará evitar problemas a qualquer custo para não prejudicar Serra
Vereadores já pressionam Kassab por cargos
CONRADO CORSALETTE
FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL
Vereadores de São Paulo já iniciaram pressões para obter mais
cargos na administração caso o
prefeito José Serra (PSDB) se candidate ao governo do Estado e
deixe o comando da cidade para
seu vice, Gilberto Kassab (PFL).
Os parlamentares apostam que
o pefelista pode ceder porque tentará evitar qualquer problema
neste ano, já que crises na gestão
respingariam diretamente na
eventual candidatura a governador de Serra. Além disso, acreditam num maior poder de barganha pelo fato de Kassab não ter a
envergadura política do tucano.
Hoje, a influência da maior parte dos aliados do prefeito na Câmara ocorre principalmente nos
cargos de terceiro escalão. Com a
eventual saída de Serra, parlamentares querem não apenas ampliá-los, como também fazer indicações para o secretariado.
O tucano não confirma publicamente que deseja concorrer ao
governo do Estado. Mas aliados
do prefeito dizem que o anúncio
pode sair entre hoje e amanhã. O
prazo legal para ele se desincompatibilizar do posto é sexta-feira.
Entre os cargos de primeiro escalão cobiçados estão a Secretaria
dos Transportes e a da Assistência
e Desenvolvimento Social. Essa
última, por exemplo, é pretendida
pela vereadora Bispa Lenice, da
igreja Renascer. Ela foi eleita pelo
PV e está hoje no PFL de Kassab.
Nos bastidores, recados já foram enviados ao atual secretário,
o tucano Floriano Pesaro, e ao
próprio vice-prefeito. Pesaro, porém, não pretende, segundo interlocutores, abrir mão do cargo,
para o qual foi indicado por Serra.
Outras vagas desejadas por vereadores são as dos subprefeitos
que deixarão os cargos para concorrer à Assembléia Legislativa.
Devem sair os titulares das subprefeituras de Capela do Socorro,
São Miguel Paulista, Guaianases e
Santo Amaro. Outros dois subprefeitos, de Pinheiros e Vila Mariana, devem ser transferidos para
cargos da própria administração.
A principal forma de pressão
dos vereadores ocorre quase sempre nas votações de projetos do
Executivo. Em seus primeiros
meses de governo, sem ter maioria na Câmara, Serra viu suas propostas prioritárias paralisadas.
O prefeito só conseguiu aprová-las depois de negociar cargos de
terceiro escalão e sancionar projetos apresentados pelos parlamentares. Teve também de conversar
com o "centrão", um grupo que
reúne vereadores de partidos como PP, PL, PTB e PMDB e que
tem mantido os trabalhos da Câmara Municipal em compasso de
espera nas últimas semanas.
Em uma outra forma de pressionar o Executivo, o "centrão"
tem feito seguidos convites ou
convocações de secretários para
prestarem "esclarecimentos".
Recentemente, foram chamados os titulares das pastas de Finanças, Mauro Ricardo Costa, e
Transportes, Frederico Bussinger.
Dois vereadores que participam
ativamente das comissões que
convocaram secretários de Serra
são Antônio Carlos Rodrigues
(PL) e Adilson Amadeu (PTB)
-dois líderes informais do "centrão" que desde o ano passado
têm mantido um relacionamento
estreito com o vice-prefeito.
Blindagem
Serra pretende manter pessoas
de sua confiança em postos-chave
da administração até o fim do
ano. Pelo acordo informal já firmado com o tucano, só depois
disso é que Kassab terá mais autonomia para montar sua equipe.
Sob anonimato, um vereador
do "centrão" admite que, dentro
do grupo, o comentário é que o
governo Kassab começará de fato
a partir do ano que vem.
Kassab tem dito informalmente
que tentará fechar acordos em
bloco para diminuir o poder dos
vereadores. Quer evitar atender a
demandas pessoais e priorizar entendimentos partidários. Avalia
que isso diminuiria as chances de
ele se tornar refém da Câmara.
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