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Protesto da PF deve tumultuar aeroportos
Categoria planeja reduzir as equipes e fazer operação-padrão no setor de controle de passaportes no embarque internacional
Paralisação de 24 horas também irá atingir o serviço de emissão de passaportes; os policiais reivindicam a segunda parcela de reajuste
ANDRÉA MICHAEL
VINICIUS ABBATE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
A paralisação de 24 horas
convocada pela Federação Nacional dos Policiais Federais,
marcada para começar às 8h de
hoje em todo o país, deve agravar a crise nos aeroportos de
Guarulhos (SP), Rio de Janeiro,
Confins (MG), Salvador (BA) e
Recife (PE).
Nesses aeroportos, existe a
disposição de reduzir o número
de policiais destacados para fazer a análise da entrada e saída
de passageiros em viagens internacionais, bem como de fazer uma operação-padrão.
Nesse tipo de operação, os
policiais, em vez de avaliarem
de forma mais detida um ou outro caso (checando, por exemplo, se a pessoa é procurada pela Justiça), passam a buscar informações detalhadas sobre todos aqueles que chegam ou
saem do país.
"Vamos retardar o atendimento o máximo de tempo possível", afirmou o delegado José
Amaury de Rosis Portugal, presidente do sindicato dos delegados de Polícia Federal no Estado de São Paulo. "Tudo será
feito na operação manual, no
pente-fino mesmo."
O protesto acontece no dia
em que a Polícia Federal completa 63 anos. A categoria reivindica o pagamento da segunda parcela (30%) de um aumento salarial acordado com o
governo no ano passado, além
da aprovação de uma lei orgânica e um plano especial de carreiras. Essa parcela deveria ter
sido paga em dezembro.
Segundo o sindicato nacional, todos os Estados manifestaram apoio ao movimento.
Quem pretende cruzar os braços hoje são agentes, papiloscopistas, delegados, escrivães e
peritos -ao todo, são cerca de
13 mil no Brasil.
Cada sindicato estadual terá
autonomia para realizar sua
paralisação, mas ficou acertado
que alguns serviços essenciais
serão mantidos (como plantões
para receber presos em flagrante pelas polícias Civil ou
Militar). "A gente só não vai
correr atrás de bandido", afirmou Portugal.
A paralisação também irá
afetar a emissão de passaportes, setor onde o serviço irá se
limitar a casos de emergência.
Uma exceção é o aeroporto
de Brasília, onde o número de
policiais não será reduzido e
também não haverá operação-padrão, segundo Claudio Avelar, presidente do sindicato que
representa a categoria no Distrito Federal.
"Vamos manter o trabalho
normal no aeroporto pela sociedade e para dar um crédito
ao ministro [da Justiça, Tarso
Genro]", afirmou Avelar.
Na última segunda-feira, em
um ato inédito, Genro se reuniu com representantes dos
servidores da PF na sede da federação nacional.
Na ocasião, o ministro disse
que o movimento da PF "será
ouvido pelo governo dentro das
regras da democracia" e que a
discussão acerca do reajuste salarial vai se dar por uma comissão de técnicos dos ministérios
da Justiça e do Planejamento.
Ontem, Genro voltou a comentar o assunto. "Nenhuma
demanda é provocativa, chegaremos a um ponto comum entre servidores e sociedade."
O aeroporto de Cumbica, em
Guarulhos (Grande SP), recebe
por dia, de acordo com a Infraero, 220 vôos internacionais, entre pousos e decolagens, e cerca
de 25 mil passageiros. O aeroporto funciona 24 horas.
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