São Paulo, quarta-feira, 28 de março de 2007

Próximo Texto | Índice

Protesto da PF deve tumultuar aeroportos

Categoria planeja reduzir as equipes e fazer operação-padrão no setor de controle de passaportes no embarque internacional

Paralisação de 24 horas também irá atingir o serviço de emissão de passaportes; os policiais reivindicam a segunda parcela de reajuste

ANDRÉA MICHAEL
VINICIUS ABBATE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

A paralisação de 24 horas convocada pela Federação Nacional dos Policiais Federais, marcada para começar às 8h de hoje em todo o país, deve agravar a crise nos aeroportos de Guarulhos (SP), Rio de Janeiro, Confins (MG), Salvador (BA) e Recife (PE).
Nesses aeroportos, existe a disposição de reduzir o número de policiais destacados para fazer a análise da entrada e saída de passageiros em viagens internacionais, bem como de fazer uma operação-padrão.
Nesse tipo de operação, os policiais, em vez de avaliarem de forma mais detida um ou outro caso (checando, por exemplo, se a pessoa é procurada pela Justiça), passam a buscar informações detalhadas sobre todos aqueles que chegam ou saem do país.
"Vamos retardar o atendimento o máximo de tempo possível", afirmou o delegado José Amaury de Rosis Portugal, presidente do sindicato dos delegados de Polícia Federal no Estado de São Paulo. "Tudo será feito na operação manual, no pente-fino mesmo."
O protesto acontece no dia em que a Polícia Federal completa 63 anos. A categoria reivindica o pagamento da segunda parcela (30%) de um aumento salarial acordado com o governo no ano passado, além da aprovação de uma lei orgânica e um plano especial de carreiras. Essa parcela deveria ter sido paga em dezembro.
Segundo o sindicato nacional, todos os Estados manifestaram apoio ao movimento. Quem pretende cruzar os braços hoje são agentes, papiloscopistas, delegados, escrivães e peritos -ao todo, são cerca de 13 mil no Brasil.
Cada sindicato estadual terá autonomia para realizar sua paralisação, mas ficou acertado que alguns serviços essenciais serão mantidos (como plantões para receber presos em flagrante pelas polícias Civil ou Militar). "A gente só não vai correr atrás de bandido", afirmou Portugal.
A paralisação também irá afetar a emissão de passaportes, setor onde o serviço irá se limitar a casos de emergência.
Uma exceção é o aeroporto de Brasília, onde o número de policiais não será reduzido e também não haverá operação-padrão, segundo Claudio Avelar, presidente do sindicato que representa a categoria no Distrito Federal.
"Vamos manter o trabalho normal no aeroporto pela sociedade e para dar um crédito ao ministro [da Justiça, Tarso Genro]", afirmou Avelar.
Na última segunda-feira, em um ato inédito, Genro se reuniu com representantes dos servidores da PF na sede da federação nacional.
Na ocasião, o ministro disse que o movimento da PF "será ouvido pelo governo dentro das regras da democracia" e que a discussão acerca do reajuste salarial vai se dar por uma comissão de técnicos dos ministérios da Justiça e do Planejamento.
Ontem, Genro voltou a comentar o assunto. "Nenhuma demanda é provocativa, chegaremos a um ponto comum entre servidores e sociedade."
O aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (Grande SP), recebe por dia, de acordo com a Infraero, 220 vôos internacionais, entre pousos e decolagens, e cerca de 25 mil passageiros. O aeroporto funciona 24 horas.


Próximo Texto: Paralisação deve piorar fila para passaporte
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.