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"Saí na varanda e veio aquele rio de fogo", afirma vizinho
Representante comercial diz que acordou com uma cortina de fumaça em frente ao portão
Sem conseguir sair pela porta da frente, moradores de um prédio escalaram o muro de três metros para conseguir escapar do fogo
Danilo Verpa/Folha
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Bombeiro observa líquido inflamável que escorreu pelas ruas após incêndio de depósito em Diadema; o fogo começou às 7h de ontem e foi controlado por volta das 9h40
DA REPORTAGEM LOCAL
O representante comercial
Cipriano Lova, 53, acordou
com uma cortina de fogo e fumaça preta de cerca de seis metros em frente ao portão. Entre
a casa dele e o local do incêndio
havia seis outros imóveis, mas o
fogo se espalhou pelo rastro de
produtos químicos que escorreu pela rua, ladeira abaixo.
"Ouvi três explosões. Saí na
varanda e veio aquele rio de fogo e fumaça negra", diz Lova,
que fugiu com a roupa do corpo
com a mulher, o filho, a nora e o
neto de quatro meses, sem a
ajuda dos Bombeiros.
"Liguei a mangueira em frente à porta por uns dez minutos
para aliviar um pouco o fogo.
Quando deu uma brechinha, a
gente saiu", disse o morador,
com o rosto sujo de fuligem, no
meio da rua. Um carro, móveis,
a fachada e parte do teto da casa
foram atingidos. "Levei 20 anos
para conseguir colocar um portão eletrônico na casa. Queimou tudo", disse Lova, que estima o prejuízo em R$ 30 mil.
"Foi um desespero", disse o
metalúrgico Cícero Carlos, 44,
morador do número 139 da rua
Henrique de Léo, que fica a
apenas um imóvel do galpão.
"Estava esquentando um cafezinho quando ouvi um estrondo parecido com uma bomba.
Quando vi, já tinha incendiado
os [dois] carros na garagem."
Carlos acordou os moradores
do prédio de dois andares onde
mora. "Saí batendo nas portas.
Tentamos fugir pela porta da
frente, mas tinha muito fogo."
A saída restante: escalar o muro
dos fundos, de cerca de três metros. "O susto foi tão grande que
escalei em um segundo. Fui puxando o pessoal e nos salvamos", diz o metalúrgico. Ele e
mais onze pessoas escaparam
com arranhões pelo corpo.
Morador do bairro há 25
anos, Jair Rodrigues Costa, 51,
também teve a casa atingida
pelo fogo. "Saí correndo com a
minha mulher, com o fogo vindo atrás da gente. Não deu para
pegar nada", diz Costa.
Com a casa interditada, ele e
a família irão para a casa de parentes -assim como outras 11
famílias desalojadas. "A prefeitura até ofereceu almoço, dormida, mas [eu] não quis."
Escola em pânico
Os alunos da escola municipal Jardim União, que fica a
cerca de 200 metros do galpão,
foram retirados às pressas do
local. Foram escoltados pela
Guarda Civil, mas vários vizinhos também ajudaram.
O motorista José Antônio Alves dos Santos, 55, conta que,
assim que o incêndio começou,
pegou o carro para ajudar a
transportar as crianças.
Os alunos, lembra ele, estavam muito assustados com as
explosões. "Evacuamos toda a
escola. Eu ia colocando os alunos dentro do carro e levando
para um local mais seguro. Depois voltava e pegava mais alunos", disse. "A molecada estava
em pânico."
Santos disse que nunca havia
visto um incêndio como o de
ontem, "nem em filme". Segundo a Prefeitura de Diadema, as
crianças foram encaminhadas
para outra escola municipal, a
José da Silva Filho, localizada
em um bairro vizinho.
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