São Paulo, segunda-feira, 28 de março de 2011

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ANÁLISE TRANSPORTE

Carro de presente induz jovem a evitar transporte público

Tradição de dar veículo para os filhos que entram na faculdade educa geração na "cultura do automóvel"


MOTORISTAS SE DISPÕEM A PAGAR CARO PARA PARAR; ASSIM COMO EM RELAÇÃO A ÁLCOOL, HÁ DEPENDÊNCIA DO VEÍCULO

JAIME WAISMAN
ESPECIAL PARA A FOLHA

Tornou-se uma espécie de tradição das famílias de classe média (ou mais) presentear com um carro os filhos que entram na universidade.
Assim toda uma geração, já educada na "cultura do automóvel", torna-se mais "adulta" e "independente" -e, também, refratária ao uso do transporte público.
A consequência é o uso não moderado (para curtas distâncias que poderiam ser feitas a pé e/ou número elevado de viagens por pessoa) ou ineficiente (uma pessoa por veículo) do automóvel.
A entrada de novos condutores (além dos universitários, tem-se a "nova classe C") e o crescimento contínuo da frota de automóveis são os responsáveis pelos congestionamentos e dificuldades de circular e estacionar.
De fato, há em São Paulo escassez de garagens e locais apropriados para estacionamento, o que faz o espaço público ser disputado por motoristas dispostos a pagar caro por esse direito e a sujeitar-se a todo tipo de pressão por parte de "flanelinhas".
Por isso, chama a atenção o fato de que, além de caros e restritos, os espaços para estacionamento junto a faculdades da cidade sejam intensamente utilizados, apesar da existência de transporte público nas proximidades.

DEPENDÊNCIA
Da mesma forma que em relação ao fumo e ao álcool, temos uma sociedade dependente do automóvel.
Existem, porém, dois pontos a ressaltar. Primeiro, a insuficiência e/ou a qualidade insatisfatória do transporte público em São Paulo, às vezes aliada à falta de alternativas.
Segundo: estudantes de cursos noturnos, que trabalham de dia e que dependem do automóvel para viabilizar seus (vários) deslocamentos durante o dia.


JAIME WAISMAN é engenheiro civil, professor-doutor do Departamento de Engenharia de Transportes da Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo) e sócio-diretor da empresa Sistran Engenharia


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