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TRANSPORTES
Agência é criada e já vai decidir sobre multa contra Viaoeste; empresas comemoram menos ingerência do governo
Concessões de rodovias ganham órgão fiscalizador
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
Quatro anos depois do repasse
de parte da malha rodoviária paulista para a iniciativa privada, saiu
do papel a proposta de um órgão
independente para fiscalizar as 12
empresas que administram 3.500
km de estradas em São Paulo.
Um decreto do governador Geraldo Alckmin aprovou e regulamentou a criação da Artesp
(Agência Reguladora de Serviços
Públicos Delegados de Transportes do Estado de São Paulo), que
vai fiscalizar, além das rodovias,
outras modalidades de serviços
públicos de transportes concedidos. O novo órgão se livra, em
parte, da ingerência do governo
do Estado e ganha a participação
direta de representantes da sociedade civil, do Poder Legislativo e
de entidades de classe.
O motivo é a crise que se deflagrou nos últimos meses entre a
gestão Alckmin e algumas concessionárias. O caso mais grave
envolveu a Viaoeste.
A empresa deixou de iniciar a
duplicação da Raposo em janeiro
e anunciou que só fará a obra se
houver uma renegociação contratual -fato que, além de uma
multa diária de R$ 172 mil, gerou
uma ameaça de Alckmin de romper a concessão. As decisões sobre
esses casos, agora, passam a ser de
responsabilidade da Artesp.
"A agência é um elemento positivo na mediação dos conflitos.
Ela tem autonomia financeira e
administrativa e vai ter mais independência em relação ao poder
concedente", afirma Moacyr
Duarte, diretor-presidente da
ABCR (Associação Brasileira de
Concessionárias de Rodovias).
A Artesp vai substituir a Comissão de Concessões, subordinada à
Secretaria de Estado dos Transportes, e terá uma ouvidoria e
mais poderes para verificar se os
contratos estão sendo cumpridos.
Ela também vai decidir sobre a
elevação das tarifas de pedágio.
A avaliação das concessionárias, segundo a Folha apurou, é
que a agência, embora tenha diretores indicados por Alckmin, sofrerá menos pressão política.
A pressão da opinião pública,
porém, pode se voltar contra as
concessionárias. O conselho consultivo da Artesp, embora não tenha poder direto de decisão, precisará ser ouvido sobre os planos
de revisão de tarifas, além de ter
que apreciar os relatórios anuais
da diretoria -controle que não
existia até então.
"A agência tem um modelo que
se aproxima muito mais da opinião pública", afirma Silvio Augusto Minciotti, diretor-geral da
Artesp. Ele nega que a administração estadual tenha interferido
até agora no trabalho de fiscalização das concessionárias.
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