|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Teste detecta câncer de próstata em fase inicial
DA REPORTAGEM LOCAL
Um novo exame para diagnóstico do câncer de próstata amplia
as chances de detecção da doença
para 90%. Atualmente, cerca de
80% dos tumores na próstata não
são observados clinicamente, segundo o Inca (Instituto Nacional
do Câncer).
O teste, chamado espectroscopia, é feito por um software acoplado a um equipamento de ressonância magnética e funciona da
seguinte maneira: um aparelho
endoretal capta as imagens em alta resolução e realiza uma leitura
bioquímica dos metabólitos
(substâncias produzidas pela
próstata, como citrato e creatina).
Ao mesmo tempo, um gráfico
analisa a dosagem de cada substância, identifica aquelas que estão em quantidade acima do normal e avalia, a partir daí, se o paciente está ou não com câncer.
Hoje, a detecção do câncer de
próstata é feita pelo exame clínico
(toque retal) e da dosagem de
substâncias produzidas pela próstata (PSA e FAP). Se houver sugestão da doença, é indicada uma
ultra-sonografia pélvica ou prostática transretal.
Segundo Aldemir Humberto
Soares, 49, presidente do Colégio
Brasileiro de Radiologia, o diagnóstico por meio da espectroscopia é tão preciso que consegue
identificar a doença mesmo que
ela tenha pouquíssimo tempo de
existência.
Com o exame, a "varredura" é
completa. "Só não falamos que é a
possibilidade de acerto é de 100%
porque em ciência nada é tão exato assim", afirma.
Segundo o médico Douglas
Racy, da Med-imagem, instituto
de radiologia do Hospital Beneficência Portuguesa, a espectografia será especialmente útil nos casos em que o exame clínico é falso
negativo.
"É muito comum o teste de PSA
dar alterado, o que poderia sugerir um câncer, e a biopsia apresentar resultado negativo", afirma.
Para a realização da biopsia, são
recolhidos de 12 a 18 fragmentos
da próstata. Mas há chances de os
pedaços escolhidos não conterem
células cancerosas.
Nesses casos, médico e paciente
ficam sem saber se a alteração do
PSA é devido a uma inflamação
da próstata (prostatite) ou a um
tumor inicial, não detectado pelo
toque retal ou pela biopsia.
Geralmente, os médicos receitam antibióticos para tratar a suposta inflamação, mas, com o
tempo, como o PSA não melhora,
descobre-se que o paciente está
com câncer.
Dados do Inca indicam que
50% dos tumores na próstata são
detectados em estágio avançado,
com metástase, quando já não há
mais chances de salvar o paciente.
O exame também possibilita a
localização exata do tumor e informa se o câncer foi irradiado
para outros órgãos.
Nesses casos, segundo Racy, é
melhor que se faça a radioterapia
porque a cirurgia de retirada da
próstata pode acelerar o processo
de metástase.
A cirurgia é o tratamento indicado para tumores localizados. É
o método com maior chance de
cura, apesar de haver o risco de
causar impotência ou incontinência urinária nos pacientes.
O novo exame foi anunciado
ontem, durante a 32ª Jornada
Paulista de Radiologia, promovida pela Sociedade Paulista de Radiologia. Dois hospitais brasileiros, a Beneficência Portuguesa, de
São Paulo, e o Vera Cruz, de Campinas, já estão realizando a espectroscopia, segundo Soares.
Por enquanto, o teste não está
disponível na rede pública. Um
equipamento de ressonância
magnética custa em média US$ 1
milhão, e o custo do programa de
software é US$ 100 mil.
Texto Anterior: Indicação do tratamento é controversa Próximo Texto: Plantão: Um sopro identifica a bactéria da úlcera Índice
|