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Redução da maioridade atingiria 1.541 em SP
Esse é o número de adolescentes internados na Fundação Casa (antiga Febem) que cometeram crimes hediondos
Para acomodar esse número
de jovens seria necessário
construir 2 centros de
detenção, cada um com
capacidade para 768 presos
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
Se a redução da maioridade
penal de 18 para 16 anos no caso
de tráfico de drogas, tortura e
crimes hediondos já estivesse
em vigor no país, pelo menos
1.541 jovens internados no Estado de São Paulo na Fundação
Casa (antiga Febem) poderiam
estar no sistema prisional. Esse
número representa 26,8% do
total de internados (5.730 adolescentes).
Para acomodá-los, seria necessário construir pelo menos
dois CDPs (Centros de Detenção Provisória), cada um com
capacidade para 768 presos.
Segundo a proposta de
emenda aprovada anteontem
na Comissão de Constituição e
Justiça do Senado, porém, o
menor de idade só será preso se
uma junta nomeada pelo juiz
atestar, por laudo técnico, que
ele tem discernimento dos seus
atos. A emenda também ressalta que, se condenado, ele cumprirá pena em local separado
dos presos maiores de 18 anos.
A proposta segue ainda para
votação nos plenários do Senado e da Câmara.
Segundo a presidente da
Fundação Casa, Berenice Gianella, que é contra a redução da
maioridade penal, os internos
não representariam um grande
acréscimo perto do número de
presos do Estado (136.384 pessoas, segundo a Secretaria da
Administração Penitenciária).
Porém, a estrutura necessária para colocar os adolescentes
e mantê-los no sistema penitenciário dificultaria o processo, diz ela. "Ninguém vai conseguir fazer a separação entre os
adolescentes e os adultos."
O vice-presidente do IBCCrim (Instituto Brasileiro de
Ciências Criminais), Sérgio
Mazina, afirma que esse tipo de
laudo vem sendo questionado
em outros países.
"Na Itália, os médicos têm dito que esse tipo de parecer é jurídico e não médico. Eles afirmam que podem dizer se o jovem tem doenças como epilepsia, sonambulismo ou se é psicótico, mas que não podem medir se a pessoa tem a noção jurídica do que é certo ou errado."
De acordo com a Fundação
Casa, são 988 jovens com mais
de 16 anos que cometeram tráfico de drogas e 361 que praticaram homicídio doloso.
O custo do interno da fundação, que tem aula e cursos técnicos, é bem mais alto que o do
preso -R$ 2.318,30 por interno
ao mês contra R$ 775 por preso
ao mês.
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