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Após simulação, polícia irá pedir amanhã prisão de casal
Promotor diz estar convicto de que pai e madrasta devem ir para o banco de réus
Documentos produzidos durante a simulação do assassinato feita ontem não serão entregues amanhã com o inquérito da polícia
DA REPORTAGEM LOCAL
Após a simulação do assassinato da menina Isabella Nardoni, 5, realizada durante sete horas ontem no prédio de onde
ela foi jogada na noite de 29 de
março, a Polícia Civil de São
Paulo e o Ministério Público
irão pedir à Justiça na tarde de
amanhã a prisão preventiva do
casal Alexandre Alves Nardoni,
29, e Anna Carolina Jatobá, 24,
pai e madrasta da menina.
Durante a "reprodução simulada" do crime- forma como peritos criminais chamam a
encenação de todas as versões
de um crime-, delegados e peritos do IC (Instituto de Criminalística) se concentraram
principalmente na reconstrução cronológica do que ocorreu
na noite de 29 de março no edifício London, na Vila Isolina
Mazzei (zona norte de SP).
Amanhã, os delegados do 9º
DP (Carandiru) responsáveis
pelo esclarecimento do crime
entregarão à Justiça o inquérito policial sobre o caso e pedirão a prisão preventiva de Nardoni e de Anna Carolina. Para a
polícia, o casal é o único suspeito do assassinato.
Os documentos produzidos
durante a simulação de ontem
não serão entregues amanhã à
Justiça com o inquérito. Isso
para que o prazo legal de 30
dias para a conclusão da investigação não seja estendido.
As conclusões sobre a simulação de ontem serão anexadas
ao inquérito quando a polícia
for informar à Justiça quem
tentou alterar possíveis provas
das agressões a Isabella, como a
tentativa de limpar manchas de
sangue da menina no apartamento e no carro do casal.
Até agora, existem suspeitas
(não comprovadas) de que
Cristiane e Antonio Nardoni,
irmã e pai de Alexandre, possam ter removido as manchas
de sangue deixadas por um corte na testa de Isabella.
Por estratégia de seus três
advogados de defesa e de Antonio Nardoni, que também é advogado, o casal se recusou a
comparecer ontem à simulação. Ontem, a Folha tentou,
mas não conseguiu localizá-los.
Com isso, o casal deixou de
apresentar aos peritos a sua
versão sobre o crime. Ambos
alegam inocência e dizem que
uma terceira pessoa invadiu o
apartamento da família, enquanto Nardoni voltava à garagem para buscar a mulher e os
outros dois filhos, agrediu Isabella e a jogou pela janela.
Por afirmar que a investigação corre em segredo, determinado pelo delegado Calixto Calil Filho, titular do 9º DP, até
agora, a Polícia Civil de São
Paulo não apresentou publicamente um só documento do inquérito policial, nem mesmo os
laudos que são apontados como principais indícios de que o
casal matou Isabella.
Outra importante medida
contra Nardoni e Anna Carolina, que ficaram oito dias presos
logo após a morte de Isabella,
será tomada até o fim da semana pelo promotor de Justiça do
caso, Francisco José Taddei
Cembranelli, que já decidiu por
denunciá-los à Justiça pela
morte de Isabella.
Caso a denúncia do promotor seja aceita pela Justiça, o
casal passará a figurar como
réu, ou seja, existirá um processo contra Nardoni e a mulher. "A lei exige indícios suficientes de autoria para a propositura de ação penal. No momento, tenho tais indícios",
afirmou Cembranelli.
(ANDRÉ CARAMANTE, LUIS KAWAGUTI E CINTHIA
RODRIGUES)
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