São Paulo, segunda-feira, 28 de abril de 2008

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Após simulação, polícia irá pedir amanhã prisão de casal

Promotor diz estar convicto de que pai e madrasta devem ir para o banco de réus

Documentos produzidos durante a simulação do assassinato feita ontem não serão entregues amanhã com o inquérito da polícia

DA REPORTAGEM LOCAL

Após a simulação do assassinato da menina Isabella Nardoni, 5, realizada durante sete horas ontem no prédio de onde ela foi jogada na noite de 29 de março, a Polícia Civil de São Paulo e o Ministério Público irão pedir à Justiça na tarde de amanhã a prisão preventiva do casal Alexandre Alves Nardoni, 29, e Anna Carolina Jatobá, 24, pai e madrasta da menina.
Durante a "reprodução simulada" do crime- forma como peritos criminais chamam a encenação de todas as versões de um crime-, delegados e peritos do IC (Instituto de Criminalística) se concentraram principalmente na reconstrução cronológica do que ocorreu na noite de 29 de março no edifício London, na Vila Isolina Mazzei (zona norte de SP).
Amanhã, os delegados do 9º DP (Carandiru) responsáveis pelo esclarecimento do crime entregarão à Justiça o inquérito policial sobre o caso e pedirão a prisão preventiva de Nardoni e de Anna Carolina. Para a polícia, o casal é o único suspeito do assassinato.
Os documentos produzidos durante a simulação de ontem não serão entregues amanhã à Justiça com o inquérito. Isso para que o prazo legal de 30 dias para a conclusão da investigação não seja estendido.
As conclusões sobre a simulação de ontem serão anexadas ao inquérito quando a polícia for informar à Justiça quem tentou alterar possíveis provas das agressões a Isabella, como a tentativa de limpar manchas de sangue da menina no apartamento e no carro do casal.
Até agora, existem suspeitas (não comprovadas) de que Cristiane e Antonio Nardoni, irmã e pai de Alexandre, possam ter removido as manchas de sangue deixadas por um corte na testa de Isabella.
Por estratégia de seus três advogados de defesa e de Antonio Nardoni, que também é advogado, o casal se recusou a comparecer ontem à simulação. Ontem, a Folha tentou, mas não conseguiu localizá-los.
Com isso, o casal deixou de apresentar aos peritos a sua versão sobre o crime. Ambos alegam inocência e dizem que uma terceira pessoa invadiu o apartamento da família, enquanto Nardoni voltava à garagem para buscar a mulher e os outros dois filhos, agrediu Isabella e a jogou pela janela.
Por afirmar que a investigação corre em segredo, determinado pelo delegado Calixto Calil Filho, titular do 9º DP, até agora, a Polícia Civil de São Paulo não apresentou publicamente um só documento do inquérito policial, nem mesmo os laudos que são apontados como principais indícios de que o casal matou Isabella.
Outra importante medida contra Nardoni e Anna Carolina, que ficaram oito dias presos logo após a morte de Isabella, será tomada até o fim da semana pelo promotor de Justiça do caso, Francisco José Taddei Cembranelli, que já decidiu por denunciá-los à Justiça pela morte de Isabella.
Caso a denúncia do promotor seja aceita pela Justiça, o casal passará a figurar como réu, ou seja, existirá um processo contra Nardoni e a mulher. "A lei exige indícios suficientes de autoria para a propositura de ação penal. No momento, tenho tais indícios", afirmou Cembranelli. (ANDRÉ CARAMANTE, LUIS KAWAGUTI E CINTHIA RODRIGUES)

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