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Novo traçado do Rodoanel afetará zona norte
Proposta do governo de SP prevê cortar áreas povoadas ao lado da serra da Cantareira para fazer trecho norte do anel viário
Gestão José Serra (PSDB), porém, não descartou traçado antigo, que passa por área de mananciais e foi criticado por ambientalistas
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo de São Paulo formulou uma nova proposta de
traçado para o trecho norte do
Rodoanel que corta áreas densamente povoadas ao lado da
serra da Cantareira. A gestão
José Serra (PSDB), porém, não
descartou o traçado antigo, criticado por ambientalistas por
afetar área de mananciais.
Os dois possíveis trajetos do
trecho norte, com cerca de 60
km cada um, estão detalhados
na licitação aberta pela Dersa
para a elaboração do EIA-Rima
(Estudo-Relatório de Impacto
Ambiental) da obra.
A Secretaria dos Transportes
não divulgou os custos nem
quando pretende iniciar a
construção, mas diz que o projeto básico ficará pronto no primeiro semestre de 2010.
Em 2002, o Estado chegou a
formular um EIA-Rima para o
projeto de construir a via na região de Mairiporã, entre a rodovia D. Pedro e a serra da Cantareira, mas o projeto foi abandonado porque afetaria a qualidade e possivelmente a oferta de
água no sistema Cantareira.
Após realizar estudos e audiências públicas, a Secretaria
Estadual do Meio Ambiente levou à Secretaria dos Transportes o veredicto: como estava, o
traçado do trecho norte não teria viabilidade ambiental.
Em março, a Folha revelou
um estudo da Fusp (Fundação
de Apoio à Universidade de São
Paulo) que reforçou o argumento contra aquele traçado
ao apontar a "iminência de colapso de abastecimento" na região metropolitana. Motivo: a
capacidade de produção de
água havia caído 5.100 litros/
segundo em cinco anos -suficiente para abastecer 2,5 milhões de pessoas por dia.
O EIA-Rima, além de ser o
documento necessário para a
licença ambiental, também será referência para embasar a
escolha por uma das opções.
O novo percurso também começa a partir do final do trecho
oeste, nas proximidades da rodovia dos Bandeirantes, segue
até a avenida Inajar de Souza,
margeia a serra da Cantareira
em locais ocupados por condomínios e favelas, cruza a rodovia Fernão Dias e termina na
via Dutra, em Guarulhos.
O Rodoanel, principal obra
viária do Estado, foi criado para
retirar o tráfego pesado das
vias urbanas da Grande SP.
Até agora, somente o trecho
oeste está pronto. O sul, que fará a ligação com o sistema Anchieta-Imigrantes, tem 70%
das obras concluídas e deve ser
inaugurado no próximo ano.
Caso o Estado faça a opção
pelo projeto antigo, o Rodoanel, além de afetar diretamente
o sistema Cantareira, ficará
cerca de 20 km mais longe da
mancha urbana de São Paulo.
Segundo a Folha apurou, o
governo já vem discutindo com
entidades ligadas ao ambiente
sobre a nova proposta de traçado para a obra.
O engenheiro Dario Rais Lopes, ex-secretário de Estado
dos Transportes, afirma que
não há diferença substancial
no tempo que o motorista levará para percorrer o trecho norte pelo traçado agora proposto.
"A diferença é muito pequena, deve ser de uns dez minutos", afirma Rais, que conduziu
os estudos para o trecho norte.
O presidente em exercício do
subcomitê Juqueri-Cantareira
da Bacia Hidrográfica do Alto
Tietê, Mário Cezar Lopes do
Nascimento, afirma que, ao
buscar um novo traçado, o governo "reconhece um erro".
"O Estado está dando a mão
à palmatória, porque, quando
lutamos contra o primeiro projeto, estávamos certos. O Rodoanel é um mal necessário, e
essa é a solução menos ruim."
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