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foco
"Perdi a visão pela segunda
vez", diz professora que
aguarda novo cão-guia
ESTELITA HASS CARAZZAI
LUIZA BANDEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA
JAMES CIMINO
DA REPORTAGEM LOCAL
A professora Maria Rosa
Delmasso, 44, diz que perdeu a
visão duas vezes. Há 18 anos,
quando sofreu um descolamento de retina e em junho do
ano passado, quando sua cadela-guia, Gabi, morreu.
"Como o cachorro "devolve"
sua visão, é como se você a perdesse novamente. Só que, desta vez, você perde muito mais,
porque tem aquele amor pelo
cachorro", diz.
Hoje, no Dia Internacional
do Cão-Guia, Maria está na fila
para receber um substituto
para Gabi. Ela espera há 11 meses, mesmo tendo prioridade
por já ser acostumada a esse tipo de mobilidade.
O Brasil tem 5,4 milhões de
deficientes visuais e 60 cães-guia. Atualmente, a única forma de conseguir o animal é recorrer a instituições não governamentais que treinam os
cachorros ou os trazem do exterior. O usuário não tem custo.
Adylson Codogno Lima, 51,
que fez curso na Inglaterra e
treina cães-guia há 10 anos, relata as dificuldades da associação Cão Guia de Cego, fundada
em 1981. Segundo ele, há 6.000
pessoas na fila e apenas oito
cães em treinamento. No ano
passado, conseguiu disponibilizar apenas três. "O número é
pequeno porque dependemos
de patrocínio."
O custo de cada cão, segundo Lima, fica em torno de R$
30 mil, pois inclui o período de
treinamento, que dura dois
anos, ração, vacinas e exames.
Hoje, segundo a presidente
do Instituto Iris, Thays Martinez, há quatro ou cinco instituições que fazem esse trabalho no Brasil. O governo de SP
desenvolve projeto em parceria com a Faculdade de Medicina Veterinária da USP para
treinar 25 adestradores e 30
cães por ano.
Estima-se que a vida útil do
animal como cão-guia seja de,
no máximo, oito anos. Em idade avançada, a visão começa a
falhar e ele tem de ser trocado.
FOLHA ONLINE
Vídeo mostra
treinamento de cão-guia
www.folha.com.br/1011719
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