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JOSÉ FRANCISCO DO NASCIMENTO
(1920-2010)
O doutor da rua Afonso Brás inscrito no nº 179
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Em 1957, quando se criou o
Cremesp (Conselho Regional
de Medicina do Estado de
SP), José Francisco do Nascimento foi se registrar, acompanhado de um amigo. José
recebeu o número de inscrição 179; o amigo, 180. Depois
disso, um não parou mais de
chamar o outro pelo número.
O órgão, atualmente, já passa das 140 mil inscrições.
Nascido na zona cacaueira
da Bahia, 179 estudou num
colégio interno em Salvador
e, como havia sido reprovado
no vestibular baiano por não
saber desenhar um pentágono, decidiu cursar medicina
na federal de Niterói, no Rio,
tendo se formado em 1946.
Ao se transferir para José
Bonifácio (SP), para trabalhar
na Santa Casa, conheceu a
mulher, Aracy, professora.
Aí herdou uma fazenda na
Bahia e para lá se mudou. Mas
a mulher não conseguiu se
adaptar ao clima, e eles vieram de vez para São Paulo.
A casa onde morou o clínico
geral, na rua Afonso Brás, zona sul da capital, tornou-se
referência na vizinhança. Ali
os moradores sabiam que podiam contar com o médico.
José tinha o costume também de fazer atendimento
nas casas de seus pacientes.
Aos 70, aposentou-se do
serviço público. Cinco anos
depois, fechou o consultório.
Dono de um vozeirão e de
uma fisionomia que nunca
mudava, era reconhecido na
rua pelas novas gerações das
famílias que atendera.
Em 2006, perdeu um filho
de câncer. Em 2007, ficou
viúvo. Morreu na quarta, aos
89, de câncer de fígado. Teve
cinco filhos e nove netos.
coluna.obituario@uol.com.br
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