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ACIDENTE
Confeiteiro é hospitalizado depois de sofrer queda em buraco de travessia abandonada na avenida do Estado
Homem fica pendurado em passarela de SP
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
O confeiteiro Aires Pereira, 40,
saiu na manhã de ontem da zona
leste de São Paulo para tentar
marcar uma consulta para sua
mãe em um hospital do Cambuci,
na região central. Na volta, ele
mesmo acabou hospitalizado, vítima da falta de infra-estrutura
adequada para a travessia de pedestres na capital paulista.
Pereira sofreu uma queda em
uma passarela de madeira cujas
condições assustam os mais vigorosos transeuntes que a utilizam.
Ela está localizada na avenida do
Estado, na altura da rua Luís Gama, próxima às obras do Fura-Fila (rebatizado como Paulistão)
-onde, numa distância inferior a
dois quilômetros, há três pontes
de travessia na mesma situação.
O confeiteiro caiu, por volta das
9h, num buraco aberto na escadaria da passarela, devido à falta de
um dos degraus. Escorregou, bateu as costas e ficou preso entre as
ferragens que dão sustentação à
estrutura improvisada e precária.
"Segurei firme, com medo de
cair no chão. Fiquei cinco, dez minutos pendurado", diz ele, que foi
atendido por comerciantes, mas
teve de ser retirado de lá pelo Resgate do Corpo de Bombeiros. O
trecho em que ele ficou suspenso
fica a aproximadamente quatro
metros de altura da calçada.
Com as mãos, pernas e braços
machucados e sem conseguir se
mexer direito por causa de dores
na coluna, Pereira permanecia na
tarde de ontem em uma maca no
corredor do Hospital do Servidor
Público Municipal, aguardando
os resultados dos exames do setor
de ortopedia. Esperava a chegada
da mulher e dos três filhos.
"Vou tomar alguma atitude,
mover alguma ação judicial contra a prefeitura. Estavam faltando
vários degraus", reclamava Pereira. "E se fosse uma criança? E se
fosse alguém de mais idade?"
As condições precárias das passarelas da avenida do Estado, sem
iluminação, com degraus desnivelados e madeiras frágeis, já haviam sido noticiadas pela Folha
no dia 18 de março deste ano.
O buraco da passarela em que
Pereira caiu permanecia na tarde
de ontem. Os pedestres continuavam se apoiando no corrimão para saltá-lo. O risco era maior para
quem tentava descer a escadaria
-a visão do piso ficava mais prejudicada do que na subida.
Empregados de uma loja de reforma de móveis das proximidades contam que já socorreram outros dois pedestres acidentados
na mesma passarela nos últimos
quatro meses. Ela é usada com
freqüência por funcionários de
empresas da Mooca e do Cambuci e por fiéis da igreja evangélica
Deus é Amor, situada ao lado.
Cassiana da Silva Ferreira, 23,
tentava atravessar a passarela às
15h30 de ontem com seu filho
-de um ano e dez meses e 12
kg- e se assustou ao perceber a
falta de um degrau. "É muito perigoso, ainda mais para mim, que
fico com ele no braço e não tenho
como ficar de olho no chão", afirmou ela, que já tropeçou e caiu
meses atrás em uma das pontes de
travessia da avenida do Estado.
Embora não haja um cadastramento oficial, a Secretaria das
Subprefeituras diz haver em torno de 70 passarelas na capital
paulista. O custo estimado para
reformar todas seria próximo de
R$ 1 milhão, 0,3% da verba arrecadada anualmente com multas
de trânsito em São Paulo.
Mesmo se decidisse erguer 70
passarelas novas e mais modernas, a prefeitura não gastaria nem
12% da receita dessas infrações.
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