São Paulo, sexta-feira, 28 de maio de 2004

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ACIDENTE

Confeiteiro é hospitalizado depois de sofrer queda em buraco de travessia abandonada na avenida do Estado

Homem fica pendurado em passarela de SP

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

O confeiteiro Aires Pereira, 40, saiu na manhã de ontem da zona leste de São Paulo para tentar marcar uma consulta para sua mãe em um hospital do Cambuci, na região central. Na volta, ele mesmo acabou hospitalizado, vítima da falta de infra-estrutura adequada para a travessia de pedestres na capital paulista.
Pereira sofreu uma queda em uma passarela de madeira cujas condições assustam os mais vigorosos transeuntes que a utilizam. Ela está localizada na avenida do Estado, na altura da rua Luís Gama, próxima às obras do Fura-Fila (rebatizado como Paulistão) -onde, numa distância inferior a dois quilômetros, há três pontes de travessia na mesma situação.
O confeiteiro caiu, por volta das 9h, num buraco aberto na escadaria da passarela, devido à falta de um dos degraus. Escorregou, bateu as costas e ficou preso entre as ferragens que dão sustentação à estrutura improvisada e precária.
"Segurei firme, com medo de cair no chão. Fiquei cinco, dez minutos pendurado", diz ele, que foi atendido por comerciantes, mas teve de ser retirado de lá pelo Resgate do Corpo de Bombeiros. O trecho em que ele ficou suspenso fica a aproximadamente quatro metros de altura da calçada.
Com as mãos, pernas e braços machucados e sem conseguir se mexer direito por causa de dores na coluna, Pereira permanecia na tarde de ontem em uma maca no corredor do Hospital do Servidor Público Municipal, aguardando os resultados dos exames do setor de ortopedia. Esperava a chegada da mulher e dos três filhos.
"Vou tomar alguma atitude, mover alguma ação judicial contra a prefeitura. Estavam faltando vários degraus", reclamava Pereira. "E se fosse uma criança? E se fosse alguém de mais idade?"
As condições precárias das passarelas da avenida do Estado, sem iluminação, com degraus desnivelados e madeiras frágeis, já haviam sido noticiadas pela Folha no dia 18 de março deste ano.
O buraco da passarela em que Pereira caiu permanecia na tarde de ontem. Os pedestres continuavam se apoiando no corrimão para saltá-lo. O risco era maior para quem tentava descer a escadaria -a visão do piso ficava mais prejudicada do que na subida.
Empregados de uma loja de reforma de móveis das proximidades contam que já socorreram outros dois pedestres acidentados na mesma passarela nos últimos quatro meses. Ela é usada com freqüência por funcionários de empresas da Mooca e do Cambuci e por fiéis da igreja evangélica Deus é Amor, situada ao lado.
Cassiana da Silva Ferreira, 23, tentava atravessar a passarela às 15h30 de ontem com seu filho -de um ano e dez meses e 12 kg- e se assustou ao perceber a falta de um degrau. "É muito perigoso, ainda mais para mim, que fico com ele no braço e não tenho como ficar de olho no chão", afirmou ela, que já tropeçou e caiu meses atrás em uma das pontes de travessia da avenida do Estado.
Embora não haja um cadastramento oficial, a Secretaria das Subprefeituras diz haver em torno de 70 passarelas na capital paulista. O custo estimado para reformar todas seria próximo de R$ 1 milhão, 0,3% da verba arrecadada anualmente com multas de trânsito em São Paulo.
Mesmo se decidisse erguer 70 passarelas novas e mais modernas, a prefeitura não gastaria nem 12% da receita dessas infrações.


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