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Denúncia aponta três erros de controlador
Para procurador, operador denunciado por crime intencional se absteve de corrigir a altitude do Legacy
MATHEUS PICHONELLI
DA AGÊNCIA FOLHA
Em pouco mais de 20 minutos, o sargento Jomarcelo Fernandes dos Santos, controlador
de vôo do Cindacta-1, em Brasília, cometeu, segundo o Ministério Público Federal, três erros que contribuíram para o
maior acidente aéreo do país.
Quatro controladores de vôo
do Cindacta-1 foram denunciados na sexta-feira pela Procuradoria por responsabilidade
no desastre. Os dois pilotos
americanos do jato Legacy, que
se chocou com o Boeing, também foram denunciados por
expor aeronave a perigo.
Único denunciado por crime
doloso (com intenção), Santos
é acusado de abster-se de corrigir a altitude do jato Legacy
"quando soube, ou deveria saber" que ela era incompatível
com o plano de vôo.
O primeiro erro ocorreu às
18h55, quando o Legacy entrou
na aerovia sentido Brasília-Manaus a 37 mil pés de altitude
-deveria estar a 36 mil. A informação foi visualizada pelo
controlador, segundo a denúncia, e, mesmo assim, o vôo não
foi corrigido.
Pouco depois, às 19h01, os pilotos do jato, Joe Lepore e Jan
Paul Paladino, decidiram testar
os sistemas de equipamentos
da aeronave e desativaram
-acidentalmente, segundo o
MPF-o transponder (equipamento anticolisão).
Conforme a denúncia, o
equívoco foi percebido pelos
pilotos quando já era tarde,
mas Santos sabia do problema.
No segundo erro, a atitude do
controlador é comparada à
omissão de um "guarda de
trânsito que visse um ônibus
trafegando pela contramão de
uma rodovia, à noite, com os faróis apagados, e nada fizesse".
O terceiro erro apontado
ocorreu às 19h17, quando Santos passou o posto ao sargento
Lucivando Tibúrcio de Alencar
"e lhe forneceu, dolosamente,
falsa informação sobre o nível
de cruzeiro" do Legacy.
O advogado Normando Augusto Cavalcanti, da Associação
Brasileira dos Controladores
de Tráfego Aéreo, afirmou que
terá um encontro hoje com os
controladores e que, só então,
irá se manifestar sobre a denúncia. A Folha tenta entrevistas os controladores denunciados desde sexta-feira
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