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Docente do ensino médio é o mais sacrificado
João Wainer/Folha Imagem
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Luciano Pereira da Costa, professor de física, dá aulas também de matamética e possui 700 alunos nas redes pública e particular
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
O censo da educação básica
do Inep mostra que o professor
do ensino médio é o mais sobrecarregado do país.
De acordo com o levantamento, 50% dos docentes dessa
etapa são responsáveis por cinco ou mais turmas, incluindo os
14% que respondem por dez ou
mais classes. Isso acontece porque eles, em geral, lecionam
apenas uma disciplina, diferentemente do que ocorre no início da vida escolar das crianças.
É o caso do professor Luciano Pereira da Costa, 33, que
deixa sua casa em Diadema
(Grande SP) por volta das 6h,
todos os dias da semana. Às 7h,
ele inicia a primeira aula do dia,
num colégio particular. A maratona vai até as 23h, quando
termina sua última aula, numa
escola estadual ao lado de casa.
Juntando as duas escolas, ele
tem cerca de 700 alunos, divididos em 19 turmas. Para uma delas, não dá aulas de física, sua licenciatura, mas de matemática. São cerca de 55 aulas por semana. Esse esquema rende a
ele R$ 2.800 por mês, verba
complementada com aulas particulares, que elevam a renda
mensal para cerca de R$ 4.000.
A rotina corrida não permite
que Luciano prepare aulas ou
atividades diferentes, lamenta
o professor. "Sinto falta disso.
Acabo trabalhando sempre
com o mesmo material. Se trabalhasse apenas em uma escola, poderia me dedicar mais."
O censo do Inep revela que
64% dos professores dão aula
em só um período do dia (manhã, tarde ou noite), e 6%, nos
três. A possibilidade de um período do dia fora da sala de aula
é uma reivindicação de professores, com o argumento de que
isso lhes dá tempo para corrigir
provas e se preparar melhor.
A permanência do profissional em uma única escola acontece com 81% dos professores
do Brasil, segundo o censo. Em
São Paulo, Estado com o terceiro pior percentual, são 75%.
A professora de inglês Mônica Hermini, 43, dedica seu tempo a 180 alunos do colégio Santo Américo, no Morumbi (zona
oeste de SP). Ela dá aulas das 8h
às 16h20 e tem tempo livre para
elaborar material didático próprio. As horas vagas ajudaram a
concluir tese de doutorado em
literatura inglesa na USP. Mônica recebe mais que o triplo
dos salários de Luciano juntos.
Em média, segundo o censo,
o professor brasileiro típico é
mulher, tem 30 anos e dá aula a
apenas uma turma de 35 alunos
em uma escola. Mas o retrato
varia com a região e a série.
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