São Paulo, sexta-feira, 28 de maio de 2010

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Pânico no hipermercado Extra durou meia hora, diz testemunha

Segundo a polícia, homem que esfaqueou três pessoas não estava drogado nem alcoolizado

Família de chinês morto após oito facadas acusa Extra de omissão; rede afirma ter tomado todas as "medidas cabíveis"

Andre Vicente/ Folhapress
José Marcelo de Araújo, ao deixar o 1º DP de Guarulhos

AFONSO BENITES
DE SÃO PAULO

"Quem quer morrer?", dizia o auxiliar de pedreiro que matou uma pessoa e feriu duas com uma faca de churrasco anteontem à noite num hipermercado de Guarulhos.
José Marcelo de Araújo, 27, percorreu quase todas as seções do Extra, no centro, ameaçando as pessoas. Empunhava uma faca de churrasco, que furtou no próprio local (Tramontina, modelo Ultracorte, pacote com quatro tamanhos: R$ 53,90).
Era dia de promoção -a Quarta Extra (até 30% de desconto em frutas e legumes). A loja estava cheia.
A primeira vítima foi o comerciante chinês Ding Yu Chi, 60, esfaqueado próximo à banca de tomates, ao lado da mulher. Sem motivo aparente, Araújo deu-lhe duas facadas na barriga. Afastou-se e voltou a esfaqueá-lo. Ao todo, desferiu oito golpes.
Ding andou por 30 metros e pediu ajuda. Seguranças disseram para ele se deitar no chão e esperar o socorro. Gemendo, no colo da mulher, dizia: "Não aguento mais".
Uma poça de sangue se formou debaixo de seu corpo. Clientes começaram a gritar que um "maluco" tinha esfaqueado um homem. Seis mulheres desmaiaram.
A segunda vítima foi outro comerciante. Ele se deparou com Araújo, tentou fugir, mas foi ferido nas costas.
Antes de fazer a terceira vítima (um fiscal do Extra atingido no abdômen), Araújo tentou esfaquear outro cliente, que jogou um carrinho de compras contra ele.
Pânico e correria duraram quase meia hora. "Quando começou a confusão, eu tinha acabado de passar minha primeira compra no caixa, às 20h41. Quando acabou, eu terminei. Eram 21h13", disse a dona de casa Karina Marques, 31, exibindo o cupom fiscal com horários.
Um policial disparou dois tiros no meio da loja -mais gritos, mais pânico. Não o atingiram o agressor, que acabou detido pela PM.
A família de Ding estuda processar o Extra por omissão de socorro. Testemunhas dizem que ele sangrou sem parar na loja e só foi removido ao fim da confusão. Morreu ao entrar no hospital.
O Extra não divulgou cenas de câmeras internas. Em nota, informou ter "tomado todas as medidas cabíveis". Também disse que acionou a PM, "lamenta profundamente o ocorrido" e se mantém "à disposição das autoridades".
Preso, Araújo afirmou que era perseguido desde sua casa, em Guararema, a 40 km de Guarulhos, mas não disse quem o seguia. Segundo a polícia, ele não conhecia as vítimas. Na delegacia, disse não se lembrar de nada. Não parecia estar sob efeito de drogas nem alcoolizado.
A polícia ainda tem poucos dados dele. Só sabe que nasceu em São Bento do Una (PE) e nunca foi condenado.
As outras duas vítimas passaram por cirurgias e não correm risco de morte.


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