São Paulo, sábado, 28 de maio de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Novo kit deve sair neste ano, diz Haddad

Segundo ministro, material anti-homofobia será refeito para distribuição; ele afirmou concordar com crítica de Dilma

Para titular do MEC, polêmica em torno dos vídeos acabou sendo "benéfica, porque o tema entrou na agenda"


LAURA CAPRIGLIONE
DE SÃO PAULO

O ministro Fernando Haddad disse ontem em São Paulo que o kit anti-homofobia deverá ser refeito e estar pronto ainda neste ano para distribuição em 6.000 escolas do país que registraram casos de agressões e discriminação contra gays, lésbicas e transgêneros.
Segundo o ministro, toda a celeuma em torno do kit acabou sendo "benéfica, porque o tema entrou na agenda".
"As pessoas estavam muito desinformadas", disse.
Criticado principalmente por parlamentares evangélicos, o material foi alvejado na quinta pela própria Dilma Rousseff, que disse ter visto em peças do kit "propaganda de opção sexual".
No mesmo pronunciamento, aproveitou para chamar para a Secretaria de Comunicação da Presidência a responsabilidade final pela aprovação de material produzido por órgãos de governo, como MEC e Ministério da Saúde, e que tratem de costumes ou valores culturais.

PROBABILIDADE
Ontem, Haddad disse que a presidente criticou particularmente o filmete chamado "Probabilidade", que apresenta a situação de um garoto bissexual.
Segundo ele, Dilma ficou contrariada com a mensagem final, em que voz em off diz que o garoto, "gostando dos dois [de meninos e meninas]", duplicava a "probabilidade de encontrar alguém por quem sentisse atração".
"Não tem a ver com probabilidade, isso. Essa conclusão é inadequada, porque sugere que [o bissexualismo] é uma coisa boa. E nós não temos de entrar nesse mérito; só temos de dizer que as pessoas têm o direito de não ser discriminadas", teria dito a presidente ao ministro, segundo relato dele. Haddad disse ter concordado com a crítica de Dilma.
Além desse filmete, o kit de trabalho do projeto "Escola sem Homofobia" incluiria ainda outros dois vídeos sobre transexualismo e lesbianismo, além de um livro de orientação aos professores.
Segundo o ministro, o material anti-homofobia ainda deveria passar por uma série de críticas técnicas e científicas, feitas por educadores e psicólogos.
Haddad afirmou que o kit vem sendo elaborado há três anos, período em que se produziram vários protótipos de filmetes e materiais de apoio.
"Nesse período, vários desses materiais já foram descartados e outras mudanças ainda seriam feitas, antes de o material final ser encaminhado às escolas."

HOMOFOBIA
Os 6.000 colégios para os quais o MEC pretende endereçar o kit são onde houve casos de homofobia -o país tem 27 mil escolas de ensino médio, segundo dados do Censo Escolar 2009.
Em princípio, o material seria voltado aos professores, que decidiriam sobre a conveniência de usá-lo. Segundo o ministro, o alvo são alunos do ensino médio.
Para a professora de filosofia da educação da Uerj Lílian do Valle, sem preparação adequada de docentes, o kit poderia ter efeito contrário, e "alunos homossexuais poderiam acabar mais expostos".
"Há uma supervalorização do material escolar, como se ele se bastasse. O professor é que dá sentido a esse kit."

Colaborou a SUCURSAL DO RIO


Texto Anterior: Há 90 Anos
Próximo Texto: Dúvidas sobre o kit anti-homofobia
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.