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Operação da polícia mata ao menos 19 no Rio
Secretaria de Segurança divulgou 13 mortos à tarde; no fim da noite, outros 6 corpos foram levados à delegacia da Penha
Ação ocorreu no complexo do Alemão; foi a maior mobilização de policiais para combate ao tráfico
em uma área do Rio
MÁRCIA BRASIL
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
A maior mobilização de policiais para combate ao tráfico
em uma área determinada do
Rio terminou com pelo menos
19 mortes. A ação aconteceu no
conjunto de favelas do Alemão,
na Penha, zona norte.
A ação resultou ainda em sete feridos, três supostos traficantes presos e um jovem detido. Participaram 1.350 homens
das polícias Civil e Militar e da
Força Nacional de Segurança.
O número de mortos na ação
teve três versões. Às 18h, o secretário de Segurança do Rio,
José Mariano Beltrame, havia
afirmado, em entrevista, que
havia entre 18 e 20 supostos
traficantes mortos.
Às 20h, em nova entrevista,
afirmou que houve contagem
dupla de corpos e que o número
oficial passara a ser 13.
Por volta das 23h30, no entanto, o dono de um lotação
chegou à delegacia da Penha
com seis corpos no veículo.
Ele relatou à polícia que descia o complexo quando foi parado por um grupo que colocou
os seis corpos em seu veículo.
Ele procurou policiais que faziam patrulha na área e que o
encaminharam até a delegacia
da Penha, responsável pela
área do Alemão. O dono do carro não soube dizer se o grupo
que o parou era de traficantes
ou de moradores.
Beltrame disse que as mortes
ocorreram em confrontos da
polícia em três localidades
(Areal, Matinho e Chuveirinho) no alto do complexo -todas tidas como vias de abastecimento de armas e drogas.
Foram apreendidos 30 kg de
cocaína, 115 kg de maconha, 60
bananas de dinamites, duas
metralhadoras antiaéreas, cinco fuzis, cinco pistolas e munição, apontava balanço parcial.
Há 56 dias, a polícia faz ações
diárias no complexo do Alemão
-região de 21 favelas com mais
de 160 mil habitantes. Desde 2
de maio, já houve 38 mortes e
mais de 70 feridos.
Entre os sete feridos ontem,
cinco foram por bala perdida,
uma pessoa foi agredida (supostamente por traficantes) e
um policial foi baleado em ação.
As forças de segurança do Rio
não mobilizavam tamanho
contingente desde a operação
na busca dos assassinos do jornalista Tim Lopes, em 2002,
quando cerca de 800 policiais
entraram em várias favelas.
Operação
Por volta das 5h, os policiais
-1.200 das polícias Civil e Militar e 150 da Força Nacional de
Segurança- começaram a se
reunir em vários pontos de encontro pela cidade.
A polícia afirmou ter iniciado
a operação às 10h para que as
crianças já estivessem na escola. Mas os colégios fecharam assim que, minutos depois da entrada da polícia nas favelas, o
tráfico reagiu. Houve intensos
tiroteios, com arremesso de
granadas e bananas de dinamite, e correria. Os ônibus deixaram de circular.
Um agente foi atingido por
uma bala de fuzil no tórax. O
colete à prova de bala amorteceu o impacto, e ele passa bem.
Os policiais que entraram na
favela da Grota encontraram
um caminhão, tipo baú, usado
como barreira. Na tentativa de
retirar o veículo, um blindado
da PM e uma retroescavadeira
subiram a rua.
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