São Paulo, quinta-feira, 28 de junho de 2007

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Operação da polícia mata ao menos 19 no Rio

Secretaria de Segurança divulgou 13 mortos à tarde; no fim da noite, outros 6 corpos foram levados à delegacia da Penha

Ação ocorreu no complexo do Alemão; foi a maior mobilização de policiais para combate ao tráfico em uma área do Rio

MÁRCIA BRASIL
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO

A maior mobilização de policiais para combate ao tráfico em uma área determinada do Rio terminou com pelo menos 19 mortes. A ação aconteceu no conjunto de favelas do Alemão, na Penha, zona norte.
A ação resultou ainda em sete feridos, três supostos traficantes presos e um jovem detido. Participaram 1.350 homens das polícias Civil e Militar e da Força Nacional de Segurança.
O número de mortos na ação teve três versões. Às 18h, o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, havia afirmado, em entrevista, que havia entre 18 e 20 supostos traficantes mortos.
Às 20h, em nova entrevista, afirmou que houve contagem dupla de corpos e que o número oficial passara a ser 13.
Por volta das 23h30, no entanto, o dono de um lotação chegou à delegacia da Penha com seis corpos no veículo.
Ele relatou à polícia que descia o complexo quando foi parado por um grupo que colocou os seis corpos em seu veículo.
Ele procurou policiais que faziam patrulha na área e que o encaminharam até a delegacia da Penha, responsável pela área do Alemão. O dono do carro não soube dizer se o grupo que o parou era de traficantes ou de moradores.
Beltrame disse que as mortes ocorreram em confrontos da polícia em três localidades (Areal, Matinho e Chuveirinho) no alto do complexo -todas tidas como vias de abastecimento de armas e drogas.
Foram apreendidos 30 kg de cocaína, 115 kg de maconha, 60 bananas de dinamites, duas metralhadoras antiaéreas, cinco fuzis, cinco pistolas e munição, apontava balanço parcial.
Há 56 dias, a polícia faz ações diárias no complexo do Alemão -região de 21 favelas com mais de 160 mil habitantes. Desde 2 de maio, já houve 38 mortes e mais de 70 feridos.
Entre os sete feridos ontem, cinco foram por bala perdida, uma pessoa foi agredida (supostamente por traficantes) e um policial foi baleado em ação.
As forças de segurança do Rio não mobilizavam tamanho contingente desde a operação na busca dos assassinos do jornalista Tim Lopes, em 2002, quando cerca de 800 policiais entraram em várias favelas.

Operação
Por volta das 5h, os policiais -1.200 das polícias Civil e Militar e 150 da Força Nacional de Segurança- começaram a se reunir em vários pontos de encontro pela cidade.
A polícia afirmou ter iniciado a operação às 10h para que as crianças já estivessem na escola. Mas os colégios fecharam assim que, minutos depois da entrada da polícia nas favelas, o tráfico reagiu. Houve intensos tiroteios, com arremesso de granadas e bananas de dinamite, e correria. Os ônibus deixaram de circular.
Um agente foi atingido por uma bala de fuzil no tórax. O colete à prova de bala amorteceu o impacto, e ele passa bem. Os policiais que entraram na favela da Grota encontraram um caminhão, tipo baú, usado como barreira. Na tentativa de retirar o veículo, um blindado da PM e uma retroescavadeira subiram a rua.


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