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Chefe do Deic é sócio de firma de segurança
Youssef Chahin foi nomeado pela gestão Serra; grupo Oregon oferece, entre outros itens, acompanhamento de seqüestros e extorsões
Outro sócio afirmou que o delegado é só cotista; ontem, ele foi flagrado pela manhã ao chegar ao escritório da empresa, em Moema
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Um dos principais chefes da
Polícia Civil de São Paulo, o delegado Youssef Abou Chahin,
43, é um dos sócios do Grupo
Oregon, uma empresa que oferece serviços na área de segurança privada.
Em janeiro deste ano, Chahin, há 18 anos na polícia, foi
nomeado pelo governo de José
Serra (PSDB) para assumir a
diretoria do Deic (Departamento de Investigações Sobre o
Crime Organizado). A Oregon,
segundo registro na Junta Comercial de São Paulo, existe
desde 1993 e, de acordo com informações do serviço telefônico da empresa, se apresenta como uma das cinco maiores do
país na blindagem de carros.
Procurado pela Folha, Chahin não quis comentar o caso
(veja texto nesta página). Edgar
Salim, um dos sócios da Oregon, afirmou ontem que o diretor do Deic é só cotista da empresa e que costuma apenas
"fazer palestras" para clientes.
O delegado, diz, só recebe "um
pró-labore" no final do ano.
Segundo Carlos Ari Sundfeld, um dos maiores especialistas em direito administrativo do país, o sócio-cotista pode
ser definido por duas características: não participa do dia-a-dia da empresa e só aparece em
reuniões do conselho, uma ou
duas vezes por ano. Normalmente, o sócio cotista recebe
participação proporcional ao
valor que investiu no negócio.
Ontem, por volta das 8h30,
Chahin chegou à Oregon da
avenida dos Carinás (Moema)
e ficou por volta de 15 minutos.
Em seguida, um Santana, que
pertence ao Estado, o levou à
reunião do Conselho da Polícia
Civil, que ocorre às quartas.
No dia anterior, a reportagem ligou para o escritório da
avenida dos Carinás para marcar uma reunião com Chahin.
Um funcionário identificado
como Carlos disse que o delegado "ia lá todo dia cedo", mas
que a reunião deveria ser marcada com sua secretária.
Em outra ligação, feita para o
showroom da Oregon na avenida dos Bandeirantes, também
em Moema, um funcionário
disse que a sala dele fica no outro endereço.
A Oregon oferece, entre outros "produtos": a) cuidar de
casos de seqüestros; b) segurança de condomínios e de empresas, bem como escoltas pessoais; c) serviços de "investigação empresarial", onde realiza
"contra-espionagem industrial" e d) "detectar possíveis
violações na privacidade das
comunicações, sempre que solicitada, é realizada uma varredura em linha telefônica",
"com o mais absoluto sigilo".
Como chefe do Deic, cabe a
Chahin acompanhar casos de
seqüestros e extorsões, já que,
entre suas funções, está a de liderar delegados e investigadores da DAS (Divisão Anti-Seqüestro). Também cabe aos
seus policiais usar escutas telefônicas, sob autorização judicial, como parte de investigações para diversos crimes.
Sobre Chahin, no site da Polícia Civil, consta que: "O delegado em menos de um ano [em
94] trabalhou em mais de 150
casos de seqüestro".
Na propaganda da empresa
de Chahin: "Devido à experiência adquirida em inúmeros casos concretos, a Oregon possui
competência em gerenciamento de crises tais como seqüestro, extorsão e sabotagem, assessorando o cliente em todas
as etapas do processo".
Há também nos serviços da
Oregon um cartão para clientes
Vips, que têm direito, 24 horas
por dia e em toda a Grande São
Paulo, a assistência em casos
de furto ou roubo de carros.
Além dos dois endereços em
Moema, o grupo tem ainda
uma assistência técnica no
Itaim Bibi.
Documentos obtidos pela
Folha comprovam que a empresa de segurança privada
tem, além de Chahin e Edgard
Salim, outros dois sócios: Wlademir Abou Chahin e Elie
Georges El Barrak. Segundo
declararam seus donos no dia
14 de junho à Junta Comercial
de São Paulo, a Oregon Consultoria e Assessoria em Segurança Ltda. vale R$ 12 mil.
O Grupo Oregon está subdividido em duas frentes: "consultoria" e "blindagem de carros" (essa auto-intitulada "uma
das cinco maiores do Brasil"),
que também faz a venda de veículos de luxo semi-novos, alguns avaliados em até R$ 120
mil (dez vezes o valor declarado
como capital da Oregon), como
uma Mitsubishi Pajero Full.
Em outros documentos,
Chahin figura como responsável pelo site da Oregon, que, segundo a Receita Federal, tem só
uma sede em uma sala de Cotia.
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