|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Relatório da FAB aponta aparelhos obsoletos
Documento sigiloso sobre o setor de tráfego aéreo, datado de 2006, foi entregue ontem à CPI do Apagão Aéreo do Senado
Texto fala em eventuais "riscos à segurança das operações aéreas" caso não sejam cumpridas até 2020 as metas que são apontadas
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Documento sigiloso entregue ontem pelo Comando da
Aeronáutica à CPI do Apagão
Aéreo do Senado reconhece
problemas no setor de tráfego
aéreo e chega a falar em eventuais "riscos à segurança das
operações aéreas".
Ainda assim, diz que hoje o
sistema é seguro. Denominado
"Plano de Desenvolvimento de
Controle do Espaço Aéreo", o
texto, a que a Folha teve acesso, destaca que os equipamentos usados no controle do tráfego aéreo são obsoletos e que o
serviço está "se aproximando
do limite de sua capacidade
operacional, em termos de
equipamento e pessoal".
O documento, datado de
2006, é assinado pelo então diretor-geral do Departamento
de Controle do Espaço Aéreo,
José Américo dos Santos -hoje chefe de Estado Maior da Aeronáutica. Em 38 páginas, todas com o carimbo "reservado", traça metas para serem
cumpridas até 2020, sob pena
de colocar o setor em risco.
O texto foi discutido pelos
senadores da CPI em reunião
reservada ontem. "Hoje faltam
recursos, falta infra-estrutura,
falta coordenação", resumiu o
senador Demóstenes Torres
(DEM-GO), relator da CPI.
Na página 16, o documento
alerta que "com certa freqüência, equipamentos são furtados". Sobre a situação atual do
sistema aéreo, a Aeronáutica
faz alertas: "A não-existência
de equipamentos fragiliza a
fluidez das operações aéreas".
Ou, ainda, diz que o aumento
no número de vôos tem provocado "indesejáveis conflitos de
tráfego aéreo em determinadas
áreas do espaço aéreo".
Até mesmo as cartas aeronáuticas estariam defasadas e
desatualizadas. Elas ainda trariam informações conflitantes,
uma vez que "os bancos de dados não são interligados".
O documento diz ainda que o
setor deve comportar civis e
militares. E afirma ser necessário melhorar a formação e capacitação dos controladores, o
que contradiz decisão tomada
na última sexta-feira, conforme a Folha revelou ontem, que
diminui de 95 horas para 45
horas o tempo de treinamento
dos controladores-assistentes.
E prevê que "deverá ser criada ou verificada possibilidade
de utilização de pessoal civil
para as atividades de controle
de tráfego aéreo", embora mais
adiante ressalte que a função
deve continuar militarizada.
"A falta de cobertura radar e
de comunicações a baixa altura, em áreas remotas e fronteiriças, não permite que seja realizada a identificação de alguns
tráfegos que circulam na área
do espaço aéreo de responsabilidade do Decea, dificultando a
vigilância e o controle da circulação aérea, principalmente
dos tráfegos considerados ilícitos", diz o texto.
Com relação aos equipamentos, o documento da FAB (Força Aérea Brasileira) diz que
"não têm atendido a exigência
das operações aéreas nem possibilitado eventuais aperfeiçoamentos [...] pelo tempo em
uso e pela antiga tecnologia e
conceitos empregados".
Texto Anterior: Aviação: Infraero propõe que Anac proíba desconto nos horários de pico Próximo Texto: Equipamentos são seguros, afirma Decea Índice
|