SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

A mulher e o filho de 2 meses do tenente do Exército Vinícius Ghidetti mudaram-se para um hotel porque a família vem recebendo ameaças de morte, conforme relato dos advogados da família à Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) no Rio. Os pais dele também estariam sendo ameaçados.
Ghidetti, 25, confessou ter chefiado o grupo de 11 militares que no último dia 14 entregou a traficantes do morro da Mineira (zona norte do Rio) três jovens do morro da Providência, que foram detidos por desacato. Os três foram torturados e mortos.
Contratados pelo tenente, os advogados Itamar Barcellos e Luiz Azenha estiveram anteontem na OAB, onde conversaram com a presidente da comissão, Margarida Pressburger. Disseram a ela que a mulher do oficial foi ameaçada na rua em que mora e através de telefonemas.
Os advogados não detalharam as ameaças. Não disseram a data e o horário em que teriam ocorrido. Também não contaram o teor das supostas ameaças.
A Folha tentou ouvi-los ontem. Barcellos disse que quem falaria era Azenha. Este, por sua vez, afirmou que não falaria sobre o que ocorreu com a família do tenente.
Segundo as informações que deram à OAB, a mulher do tenente, Aline Andrade, e o bebê deverão sair do Rio. O casal vivia no Espírito Santo antes de o tenente ser trazido pelo Exército para o Rio. Os pais ainda moram em Vila Velha, cidade vizinha à capital Vitória (ES).
"Os acusados responderão na Justiça pelo que tenham cometido, mas seus pais nada têm a ver com os crimes", disse a presidente da comissão da OAB, que informou o CML (Comando Militar do Leste), representação do Exército no Rio, sobre as supostas ameaças.
Na semana passada, Margarida Pressburger já havia se reunido com o pai do soldado José Ricardo Rodrigues de Araújo, também envolvido no crime.


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