São Paulo, sábado, 28 de junho de 2008

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Mais 13 bebês morrem em Santa Casa no PA

Mortes na maternidade aconteceram entre segunda e terça; outros 12 recém-nascidos haviam morrido no fim de semana

Santa Casa e governo do Pará, responsável pelo hospital, não confirmaram as 13 mortes, que constam em documento de cemitério

JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

Pelo menos mais 13 bebês morreram na maternidade da Santa Casa de Belém entre segunda e terça-feira, segundo as guias de falecimento de um cemitério da cidade. O hospital já tinha registrado a morte de 12 recém-nascidos no último final de semana.
A Santa Casa e o governo do Pará, responsável pelo hospital, não confirmaram as 13 mortes. Os óbitos do final de semana já haviam sido reconhecidos pelo governo, que disse que eles ocorreram devido a uma concentração incomum de casos graves, de bebês prematuros e com doenças congênitas.
Segundo os registros do cemitério municipal Tapanã, houve sete mortes de crianças na Santa Casa na segunda-feira e seis na terça. Segundo Laércio Santana, funcionário da administração do cemitério, as guias são produzidas a partir de laudos da Santa Casa, registradas em cartório e, depois, exigidas para o sepultamento.
Os 13 bebês foram enterrados no dia 24 ou ontem. Por ser público, o cemitério costuma receber corpos de bebês mortos no hospital estadual, já que as mães em muitos casos são do interior do Pará e não têm dinheiro para o sepultamento.
"Isso é comum. Teve semana que chegou a ter 22 bebês da Santa Casa para enterrar aqui", afirmou Santana.
Em duas das 13 guias do cemitério não consta a idade do bebê, o que pode significar que houve aborto ou que a criança já nasceu morta.

Pedidos de confirmação
Por volta das 16h30 de ontem, a Folha pediu à Secretaria da Saúde do Estado uma confirmação sobre as novas mortes. Duas horas depois, uma assessora afirmou que não haveria tempo hábil para isso, pois a titular da pasta, Laura Rossetti, não estava na secretaria e teria que conversar antes com o diretor da Santa Casa.
A Santa Casa, por meio de sua assessoria, informou que nenhum médico ou diretor poderia confirmar as 13 mortes. Às 18h, a reportagem ligou novamente, mas ninguém atendeu. Reforçou o pedido por e-mail, mas não houve resposta.
Em nota, a direção do hospital informou apenas que "não há alterações no número de óbitos da neonatologia esta semana e que números parciais não serão divulgados".
"Isso é uma tragédia anunciada", disse o promotor Ernestino Pantoja, que investiga a situação da maternidade. "As autoridades têm sido omissas, para dizer o mínimo."
Segundo o Ministério Público, o principal problema da unidade é a superlotação, agravada pela falta de médicos e de equipamentos e pela deterioração da estrutura do prédio.
Relatório produzido há oito meses pelos pediatras da instituição já relatava que "a infra-estrutura não comporta as necessidades da clientela, existe falta freqüente de material, como incubadoras para alojar prematuros e [bebês] de baixo peso, falta de monitores [...], de aparelho de dosar glicemia, mantas e lençóis".
O coordenador da pediatria do hospital, Benedito Maués, disse nesta semana que o maior problema é a falta de atenção básica às grávidas, como o pré-natal. Sem isso, afirmou, muitos bebês já nascem com doenças graves.


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