São Paulo, sábado, 28 de junho de 2008

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Caminhoneiro infrator pode até perder carteira num só dia

Plano prevê multas a cada 2 h; para prefeitura, restrição melhorará trânsito de 14% a 17%

Prefeito Gilberto Kassab (DEM) afirma que, além de "virem para ficar", medidas vão "funcionar desde o primeiro dia"

DA REPORTAGEM LOCAL

Num discurso em que misturou Cidade Limpa, Saúde e Educação, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) anunciou ontem o plano de fiscalização ao tráfego de caminhões em São Paulo que prevê multas aos infratores de duas em duas horas e chegar a até 16 autuações num único dia -acumulando assim 32 pontos, o que causará a perda da habilitação.
As novas regras para circulação de caminhões, que incluem um rodízio especial para veículos urbanos de carga de pequeno porte (os VUCs, que têm até 6,3 m de comprimento), começam a vigorar na segunda-feira sob uma série de queixas e dúvidas sobre seu sucesso.
Quem descumpri-las poderá até ser multado por duas infrações ao mesmo tempo: uma por invadir a nova área de restrição e outra por desrespeito ao rodízio normal de veículos.
Kassab disse que, assim como a lei que regulamentou o uso de publicidade, a Cidade Limpa, ele tem certeza de que a restrição funcionará. "Não há dúvidas de que as medidas vieram para ficar", disse. "Além de virem para ficar, desde o primeiro dia vão funcionar."
Nesse discurso o prefeito contrapõe o problema no trânsito, considerado um ponto fraco de sua administração, e o programa considerado seu carro-chefe para tentar continuar por mais quatros na prefeitura.
Segundo estimativa do município, a intenção da nova restrição veicular é provocar uma melhoria do trânsito de 14% a 17%, ou a retirada de até 100 mil dos 210 mil caminhões que rodam na área central.
De acordo com o secretário de Transportes, Alexandre de Moraes, os novos 100 km2 da área de restrição -até ontem eram 25 km2- serão divididos em 16 células. Cada uma terá um esquema especial de fiscalização com bloqueios fixos e móveis para evitar a criação de rotas de fuga.
Esses esquemas envolverão 500 agentes da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e de um número não informado de policiais militares. "A fiscalização será extremamente rigorosa", disse o secretário.
A prefeitura não concluiu a contratação de 60 radares que seriam voltados para essa atividade, mas diz que alguns já existentes, que fazem a leitura automática de placas para flagrar desrespeito ao rodízio, serão usados para os caminhões.

Multa dupla
Pela nova legislação, os caminhões não poderão circular na maior parte do centro expandido, das 5h às 21h -com exceção para algumas atividades, como mudança e coleta de lixo, que terão regras específicas.
Conforme Moraes, das 5h às 21h um caminhão poderá ser multado até 16 vezes -duas multas simultâneas a cada duas horas, por invadir a nova área de restrição e por desrespeito ao rodízio de veículos. Esse número multiplicado pelos R$ 85,13 da penalidade chega num único dia a R$ 1.362,08.
Se o veículo estiver em nome de empresa e se em 15 dias não for informado o nome do infrator para computar pontos na carteira, a multa será multiplicada pelo número de vezes da infração.
Os caminhões de pequeno porte (os VUCs) terão alguns privilégios inicialmente. A partir de segunda-feira, eles serão submetidos a uma espécie de revezamento. Para circular no período diurno, os de placas pares só podem rodar em dias pares e os ímpares, nos dias idem.
Essa regra valerá por um mês. A partir de agosto, ficará mais severa. O revezamento por placas continuará, mas só das 10h às 16h. E, nos horários de pico, todos ficam proibidos.
Essa norma de transição terminará no começo de novembro, logo após o segundo turno das eleições. Depois disso, a previsão de Kassab é que os VUCs também serão obrigados a fazer entregas só das 21h às 5h, como os outros caminhões.
Para o especialista em trânsito Cyro Vidal, a legislação é muito complicada e, por isso, poderá haver problemas. "Já li uma 20 vezes e vou ter que ler mais 20 para entender." Ele diz que a aplicação de multas acumuladas "é um exagero", mas não vê problemas legais. (ROGÉRIO PAGNAN, ALENCAR IZIDORO e RICARDO SANGIOVANNI)

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