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O buraco é mais embaixo
Prefeitura de Campo Grande passa a exigir assinaturas de duas testemunhas para verificar a existência de buracos e impedir reparos desnecessários
RODRIGO VARGAS
DE CUIABÁ
Antes de tapar um buraco,
as empresas terceirizadas
que executam o serviço nas
ruas de Campo Grande (MS)
terão de cumprir uma exigência inusitada: coletar a
assinaturas de pelo menos
dois moradores do local.
Ao exigir testemunhas, a
prefeitura pretende dificultar
o conserto de trechos intactos de asfalto, que não necessitavam de reparos.
A existência dos "buracos-fantasma" foi denunciada
por moradores de bairros
atendidos pelas empresas.
Depois que os casos foram
parar na imprensa local, a
prefeitura determinou, na semana passada, a suspensão
temporária do trabalho.
As novas regras estabelecem que, quando a necessidade de reparo "for detectada", o encarregado terá de
pedir que ao menos dois moradores da vizinhança assinem um "termo de vistoria"
para testemunhar a necessidade do serviço.
No início do mês, o secretário João Antônio de Marco
(Infraestrutura, Transporte e
Habitação) chegou a ser convocado para explicar a situação na Câmara Municipal.
Na ocasião, declarou aos
vereadores que as prestadoras de serviço seriam fiscalizadas -as empresas são remuneradas de acordo com o
número de buracos tapados.
Ontem, em entrevista à
Folha, o vereador Athayde
Nery (PPS) disse considerar a
exigência de testemunhas
uma "medida louvável".
"Seria um absurdo que a prefeitura continuasse pagando
para tapar buracos que nunca existiram", afirmou.
TREINAMENTO
Oito empresas executam o
serviço de tapa-buracos em
Campo Grande, segundo a
prefeitura. A assessoria do
prefeito Nelson Trad (PMDB)
negou à Folha que as novas
regras tenham relação com
as denúncias.
De acordo com a assessoria, a alteração já estava prevista, mas só foi publicada
ontem no "Diário Oficial" da
cidade em razão da diminuição no ritmo do programa de
manutenção e reparo nas
ruas da cidade.
A prefeitura afirma ter
identificado até o momento
apenas uma irregularidade,
avaliada como equívoco por
parte da empresa executora.
Com a instrução normativa,
as empresas serão agora submetidas a um treinamento
para "aperfeiçoar o serviço".
A assessoria não informou
o nome das empresas responsáveis pelo serviço nem
os valores pagos a elas.
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