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UNIVERSIDADE
Número é cerca de 3% de todos os alunos matriculados; postos poderiam ser ocupados por alunos de instituições particulares
Federais têm 14 mil vagas ociosas, diz MEC
MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL
As 53 instituições de ensino superior federais brasileiras (universidades, faculdades e centros
tecnológicos) têm hoje 14 mil vagas ociosas que poderiam ser disponibilizadas para estudantes que
estão fora do sistema público e
têm de pagar mensalidades caras
em cursos particulares.
O número é da Secretaria de Ensino Superior (Sesu), do Ministério da Educação (MEC), produto
de um levantamento inédito feito
nas instituições neste ano.
Vagas ociosas são aquelas que
supostamente estão ocupadas por
estudantes que, na verdade, abandonaram a universidade, trancaram e nunca reabriram a matrícula, foram desligados, jubilados ou
até morreram durante o curso.
A ociosidade gira em torno de
3% quando levados em conta os
502,9 mil estudantes matriculados no ensino superior federal.
Sua distribuição, porém, não é
igualitária. Enquanto instituições
como a UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), a
UFMG (Universidade Federal de
Minas Gerais) e a UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina)
não têm nenhum lugar não
preenchido, outras, como a UFRJ
(Universidade Federal do Rio de
Janeiro) e a Ufba (Universidade
Federal da Bahia), acumulam vagas não aproveitadas.
Na UFRJ, os 4.000 postos ociosos representam 15% do total de
25,3 mil alunos matriculados em
2001 -último dado disponível no
Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais (Inep). Já
na Ufba, 11% das 18,7 mil matrículas de 2001 são vagas ociosas.
Em todo o sistema federal, elas
representam cerca de 11% das
123,5 mil vagas disponibilizadas
em vestibular e por outros processos seletivos em 2001 -e quase
um terço do total de 38,1 mil vagas
que foram acrescentadas ao ensino superior nos quatro anos do
último governo de Fernando
Henrique Cardoso.
As possíveis razões para o acúmulo de vagas não aproveitadas
são duas: dificuldade de desligar o
estudante -seja por motivos jurídicos, seja por condescendência
das universidades- e a demora
ou mesmo a não-realização de
concursos para transferências externas -por causa do trabalho e
do custo que eles envolvem e, em
alguns casos, pela falta de estrutura dos cursos para funcionar na
sua capacidade máxima.
Falta de controle sobre a existência dessas vagas livres não há,
dizem reitores e pró-reitores ouvidos pela Folha.
Força-tarefa
Independentemente da causa, o
MEC quer, até o fim do próximo
ano, zerar a ociosidade acumulada, afirma o titular da Sesu, Carlos
Roberto Antunes dos Santos.
Ocupar as 14 mil vagas é a primeira medida do ministério no
sentido de aumentar o número de
estudantes nas universidades federais, uma reivindicação antiga
dos defensores do fortalecimento
do ensino superior gratuito -cuja participação no total de matrículas caiu de 70% para 30% nas
últimas décadas, cedendo espaço
para a ascensão das particulares.
"No início do ano, eram 20 mil
vagas ociosas. Desde então, já disponibilizamos 6.000. Até o fim do
ano queremos ter preenchido
mais 4.000 e, em 2004, as 10 mil
restantes", diz Santos.
Para conseguir atingir a meta, o
MEC orquestra uma espécie de
força-tarefa com os reitores para a
realização de processos de transferência. "Dificilmente vamos
conseguir controlar a evasão, mas
tanto governo como universidades têm preocupação com a inserção social", afirma Santos.
"Nesse ponto não há discussão", diz José Fernandes de Lima,
vice-presidente da Andifes (associação que reúne os dirigentes das
universidades, faculdades e centros tecnológicos federais). "Mas
não concordamos com os números divulgados pelo ministério."
Na avaliação da Andifes, a ociosidade das federais, embora seja
uma realidade, está sendo inflacionada pelo MEC. "Nós queremos crescer, mas temos de negociar como. O mero preenchimento das vagas remanescentes, apesar de ser uma obrigação, não vai
fazer muita diferença", diz Santos.
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