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80 mil cartas informam sobre boicote em SP
DA REPORTAGEM LOCAL
As entidades médicas do Estado de São Paulo expediram cerca
de 80 mil cartas para os profissionais orientando sobre o boicote a
seguradoras de saúde previsto para a sexta-feira na capital.
O documento orienta os médicos a apontarem colegas que não
tenham aderido ao movimento
para que sejam esclarecidos pela
liderança.
"A idéia não é pressionar, é entrar em contato, explicar, entender o motivo da não-adesão",
afirma José Luiz Gomes do Amaral, presidente da Associação Paulista de Medicina. Ele destacou
que nenhum profissional será punido se não aderir.
Segundo o presidente, apesar
do foco do movimento ser a capital, onde existem 39 mil médicos,
a idéia é já começar a alertar todos
os profissionais do Estado. Guarulhos, na Grande SP, realiza assembléia para organizar o movimento na próxima segunda-feira.
O próprio Amaral reconhece
que, em relação a Estados do Nordeste, pode haver uma menor
adesão em São Paulo por causa da
existência de um grande número
de médicos -e de uma concorrência acirrada entre eles.
A Fenaseg, entidade que reúne
essas empresas, informou já ter
cumprido algumas das reivindicações dos profissionais.
O movimento escolheu oito seguradoras do ramo de saúde como alvo do boicote: Bradesco
Saúde, SulAmérica, Porto Seguro,
Unibanco AIG, Marítima, Notre
Dame, Itaúseg e AGF Brasil.
Durante o boicote, os médicos
referenciados pelas seguradoras
-aqueles que constam dos catálogos de serviços das empresas-
atenderão somente pelo sistema
de reembolso. O cliente terá de
pagar o valor de referência definido pelas entidades médicas e depois, munido de recibo, buscar o
ressarcimento na empresa.
Hoje, parte desses profissionais
listados pelas operadoras atende
pelo sistema de guias. O segurado
assina um documento comprovante do atendimento, e a empresa é que paga o profissional.
O presidente da APM explicou
que os médicos referenciados só
poderão pedir reembolso de acordo com o definido na classificação
de valores referenciais, disponível
no site www.amb.org.br. O valor
da consulta médica é de R$ 42, enquanto as operadoras pagam, no
sistema por guias, cerca de R$ 20
ao médico, segundo as entidades.
A carta destaca que, apesar de
médicos referenciados atenderem
pelo sistema de guias, eles podem
também trabalhar pelo sistema de
reembolso porque nos seguros-saúde esse ressarcimento é obrigatório.
As entidades médicas orientaram os profissionais a explicar as
mudanças aos segurados antes
das consultas.
Segundo Amaral, no entanto,
caso o segurado não concorde em
ser atendido na rede referenciada
pelo sistema de reembolso, o sistema de guias será restabelecido.
Para o presidente, os pacientes
irão colaborar. "Acho altamente
improvável que uma pessoa estabeleça uma relação com o médico
e depois não queira ser atendida
pelo reembolso", afirma Amaral.
Segundo o presidente, caso haja
negativa de reembolso, o médico
deve ser avisado -as entidades
prometem fornecer auxílio judicial. Os casos de negativa também
podem ser comunicados pelo telefone 0800-8877700.
A carta aos médicos alerta que
casos de urgência ou de emergência devem ser atendidos normalmente.
(FABIANE LEITE)
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