São Paulo, quarta-feira, 28 de julho de 2004

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80 mil cartas informam sobre boicote em SP

DA REPORTAGEM LOCAL

As entidades médicas do Estado de São Paulo expediram cerca de 80 mil cartas para os profissionais orientando sobre o boicote a seguradoras de saúde previsto para a sexta-feira na capital.
O documento orienta os médicos a apontarem colegas que não tenham aderido ao movimento para que sejam esclarecidos pela liderança.
"A idéia não é pressionar, é entrar em contato, explicar, entender o motivo da não-adesão", afirma José Luiz Gomes do Amaral, presidente da Associação Paulista de Medicina. Ele destacou que nenhum profissional será punido se não aderir.
Segundo o presidente, apesar do foco do movimento ser a capital, onde existem 39 mil médicos, a idéia é já começar a alertar todos os profissionais do Estado. Guarulhos, na Grande SP, realiza assembléia para organizar o movimento na próxima segunda-feira.
O próprio Amaral reconhece que, em relação a Estados do Nordeste, pode haver uma menor adesão em São Paulo por causa da existência de um grande número de médicos -e de uma concorrência acirrada entre eles.
A Fenaseg, entidade que reúne essas empresas, informou já ter cumprido algumas das reivindicações dos profissionais.
O movimento escolheu oito seguradoras do ramo de saúde como alvo do boicote: Bradesco Saúde, SulAmérica, Porto Seguro, Unibanco AIG, Marítima, Notre Dame, Itaúseg e AGF Brasil.
Durante o boicote, os médicos referenciados pelas seguradoras -aqueles que constam dos catálogos de serviços das empresas- atenderão somente pelo sistema de reembolso. O cliente terá de pagar o valor de referência definido pelas entidades médicas e depois, munido de recibo, buscar o ressarcimento na empresa.
Hoje, parte desses profissionais listados pelas operadoras atende pelo sistema de guias. O segurado assina um documento comprovante do atendimento, e a empresa é que paga o profissional.
O presidente da APM explicou que os médicos referenciados só poderão pedir reembolso de acordo com o definido na classificação de valores referenciais, disponível no site www.amb.org.br. O valor da consulta médica é de R$ 42, enquanto as operadoras pagam, no sistema por guias, cerca de R$ 20 ao médico, segundo as entidades.
A carta destaca que, apesar de médicos referenciados atenderem pelo sistema de guias, eles podem também trabalhar pelo sistema de reembolso porque nos seguros-saúde esse ressarcimento é obrigatório.
As entidades médicas orientaram os profissionais a explicar as mudanças aos segurados antes das consultas.
Segundo Amaral, no entanto, caso o segurado não concorde em ser atendido na rede referenciada pelo sistema de reembolso, o sistema de guias será restabelecido. Para o presidente, os pacientes irão colaborar. "Acho altamente improvável que uma pessoa estabeleça uma relação com o médico e depois não queira ser atendida pelo reembolso", afirma Amaral.
Segundo o presidente, caso haja negativa de reembolso, o médico deve ser avisado -as entidades prometem fornecer auxílio judicial. Os casos de negativa também podem ser comunicados pelo telefone 0800-8877700.
A carta aos médicos alerta que casos de urgência ou de emergência devem ser atendidos normalmente. (FABIANE LEITE)


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