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VIOLÊNCIA
Advogado afirma que Gaby Boulos é inocente; juiz aceita denúncia de atentado violento ao pudor e cárcere privado
Acusado de abusar de menina se apresenta
ALEXANDRE HISAYASU
LUÍSA BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
Acusado de abusar sexualmente
de uma garota de 12 anos que jogava malabares em um semáforo
de São Paulo, Gaby Boulos, 27, se
apresentou ontem à Justiça. Segundo seu advogado, Cristiano
Maronna, ele se diz inocente da
acusação. De acordo com o advogado, Boulos se apresentou para
"esclarecer os fatos".
No final da tarde, o juiz Rodolfo
Pellizari, da 14ª Vara Criminal,
decretou a prisão preventiva de
Boulos (até o julgamento) e aceitou a denúncia do Ministério Público contra o acusado. Ele responderá por atentado violento ao
pudor e cárcere privado, e a pena
máxima de prisão se houver condenação pode chegar a 18 anos.
Por causa da decretação de prisão preventiva, Boulos, que está
no 77º DP, será transferido, segundo a Folha apurou, ainda nesta semana para a carceragem do
4º DP (Consolação), onde ficam
os detidos acusados de praticar
crimes sexuais. Maronna diz que
pedirá um habeas corpus para
que seu cliente responda ao processo em liberdade.
O crime aconteceu no último
dia 20. Dois dias depois, a Justiça
decretou a prisão temporária do
acusado, que mora em uma casa
de alto padrão no Morumbi (zona
oeste) e é filho de uma advogada.
Os pais de Boulos divulgaram,
ontem, nota à imprensa na qual
dizem confiar na inocência do filho (leia íntegra nesta página).
O acusado se apresentou por
volta das 16h30 no fórum criminal
da Barra Funda (zona oeste da capital), onde tramita o processo.
Ele evitou falar com jornalistas.
De lá, o acusado saiu algemado
em um carro da Polícia Civil e foi
levado para a carceragem do 77º
DP (Santa Cecília, no centro), onde chegou às 17h45.
O crime
A garota e um amigo de 13 anos
estavam em um semáforo na Vila
Sônia (zona oeste) quando um
homem em um Peugeot cinza parou e ofereceu um lanche. Eles entraram no carro, mas o menino
foi obrigado a sair pouco depois.
Em seguida, a garota relata ter
sido violentada dentro do veículo.
Ela foi abandonada em frente a
um restaurante, anotou a placa do
veículo e pediu ajuda a um funcionário, que chamou a polícia.
O laudo do hospital Pérola
Byington confirmou que a menina foi vítima de atentado violento
ao pudor. Pelas placas do carro, a
polícia chegou até Boulos e pediu
sua prisão na última sexta. A garota e o menino também reconheceram Boulos em fotografias.
A notícia da prisão foi recebida
com cautela pelas crianças e suas
famílias. "Senti mais alívio, mas
me sinto ameaçada. Tenho medo
de que a família dele mande alguém me pegar", disse a garota.
Já seu amigo de 13 anos contou
ter pulado de alegria ao ver na TV
a imagem do acusado sendo preso. "É ele mesmo. Achei bom." A
mãe do garoto foi mais cautelosa.
"É melhor ele estar preso, mas o
medo é maior porque alguém pode vir atrás das crianças."
Na última segunda, eles ficaram
assustados com a visita de dois
homens que chegaram em um
carro importado. Segundo a mãe
do menino, eles disseram que
eram da polícia, mas não apresentaram identificação. De acordo
com ela, a dupla entrou na casa da
vítima, confirmou quem era a garota e, em seguida, deixou o local.
Assédio comum
Meninas que trabalham em semáforos da capital dizem ser comum o assédio de motoristas. Segundo contaram, alguns oferecem lanche, compras no shopping e passeios. Outros propõem
pagar um programa.
Há três anos em semáforos,
Laura (nome fictício), de 14 anos,
diz que já fez malabares e hoje
vende bala em um dos cruzamentos da avenida Professor Francisco Morato, na Vila Sônia. A garota
afirma já ter ouvido muitas insinuações de motoristas.
Sua irmã de oito anos é a mais
assediada. "Eles perguntam se ela
quer ir ao shopping." O irmão de
12 anos, apesar de ser menino,
também não escapa do assédio.
Os três começaram a trabalhar
depois de o pai ter saído de casa
há cerca de três anos.
Com Marina (nome fictício), de
13 anos, que faz acrobacias no
cruzamento da avenida Nove de
Julho com a rua Espéria, nos Jardins (zona oeste), a abordagem é
um pouco diferente. "Eles perguntam o que a gente gosta e dizem que vão comprar." Ela diz já
ter atirado pedras em carros depois que os motoristas fizeram
gestos obscenos.
Ela e uma irmã de dez anos
saem de São Bernardo do Campo
(ABC) para ganhar dinheiro no
semáforo. O arrecadado ajuda a
manter a família. As duas irmãs
mais velhas, de 16 e 18 anos, conta
Marina, fugiram de casa porque
não agüentavam mais ter que trabalhar nos cruzamentos.
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