São Paulo, sábado, 28 de julho de 2007

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Pista reabre 6 minutos sem autorização

Torre de controle permitiu um pouso e uma decolagem mesmo sem ter recebido documento emitido pela Aeronáutica

Às 14h43, pista foi reaberta definitivamente; FAB e Infraero divergiram sobre o que provocou a reabertura irregular em Congonhas

RAFAEL TARGINO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

EVANDRO SPINELLI
KLEBER TOMAZ

DA REPORTAGEM LOCAL

A pista principal do aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, reaberta ontem, dez dias após o acidente com o Airbus-A320 da TAM, operou durante seis minutos sem a autorização oficial da Aeronáutica.
Ela tinha sido fechada por conta do trabalho da perícia que apurava as causas da tragédia e das más condições climáticas. Durante a semana, a Infraero -estatal que administra aeroportos- anunciou outras três vezes a reabertura da pista.
Entre as 12h20, quando a pista foi liberada, e as 12h26, quando fechou, a torre de controle permitiu um pouso e uma decolagem mesmo sem ter recebido o Notam (sigla em inglês para Notice Airman que, traduzido, é notificação ao piloto).
Para a pista funcionar, a Infraero deve pedir o documento à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), que solicita sua emissão por parte do Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo), órgão ligado à Aeronáutica. Por fim, o Notam deve ser encaminhado à torre.
O documento, porém, só chegou aos controladores de vôo às 14h43. A partir daí, a pista principal foi reaberta -somente para operar sem chuva.
Após o incidente, Aeronáutica e Infraero divergiram sobre quem liberou a pista e travaram uma queda-de-braço.
A Folha apurou que a Infraero havia informado a torre de controle que a pista estaria liberada às 12h20. Assim, os controladores autorizaram o uso.
Mas, após o pouso do primeiro avião, um Airbus-A319 da TAM, vindo de Porto Alegre (RS), às 12h23, o comando do SRPV (Serviço Regional de Proteção ao Vôo) decidiu suspender a operação três minutos após até chegar o Notam.
No período em que esteve fechada a pista principal, 43 pousos e 49 decolagens deixaram de ser executados. Apesar disso, balanço da Infraero até as 17h30 apontava que apenas 2 dos 186 vôos programados no aeroporto sofreram atraso. Outros 47 vôos foram cancelados. A pista auxiliar permaneceu aberta durante o dia.
Os operadores de vôo da torre tinham liberado a pista por ser essa a prática comum após receberem a informação sobre a liberação da pista pela estatal.
Um oficial do SRPV, percebendo a aterrissagem do avião da TAM, chamou a atenção dos controladores por terem liberado a pista sem consultar os seus superiores. Mesmo assim, um avião da Pantanal ainda foi autorizado pela torre a decolar, porque já estava na pista.
Procuradas pela Folha para comentar o assunto, Infraero e Anac afirmaram que não podem autorizar a liberação da pista porque a medida cabe apenas à Aeronáutica. A reportagem entrou em contato com a FAB para saber sobre a liberação, mas não recebeu resposta até o fechamento da edição.
Durante a tarde, a pista principal ainda fechou duas vezes. Das 16h40 às 16h57, fechou para que técnicos da Infraero e do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) avaliassem as condições do "grooving" -ranhuras para escoar água que ainda não estão prontas. No início da noite, as duas pistas fecharam por poucos minutos em razão de uma chuva fina.


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