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Pista reabre 6 minutos sem autorização
Torre de controle permitiu um pouso e uma decolagem mesmo sem ter recebido documento emitido pela Aeronáutica
Às 14h43, pista foi reaberta
definitivamente; FAB e
Infraero divergiram sobre
o que provocou a reabertura
irregular em Congonhas
RAFAEL TARGINO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
EVANDRO SPINELLI
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
A pista principal do aeroporto de Congonhas, na zona sul de
São Paulo, reaberta ontem, dez
dias após o acidente com o Airbus-A320 da TAM, operou durante seis minutos sem a autorização oficial da Aeronáutica.
Ela tinha sido fechada por
conta do trabalho da perícia
que apurava as causas da tragédia e das más condições climáticas. Durante a semana, a Infraero -estatal que administra
aeroportos- anunciou outras
três vezes a reabertura da pista.
Entre as 12h20, quando a pista foi liberada, e as 12h26, quando fechou, a torre de controle
permitiu um pouso e uma decolagem mesmo sem ter recebido o Notam (sigla em inglês
para Notice Airman que, traduzido, é notificação ao piloto).
Para a pista funcionar, a Infraero deve pedir o documento
à Anac (Agência Nacional de
Aviação Civil), que solicita sua
emissão por parte do Decea
(Departamento de Controle do
Espaço Aéreo), órgão ligado à
Aeronáutica. Por fim, o Notam
deve ser encaminhado à torre.
O documento, porém, só chegou aos controladores de vôo às
14h43. A partir daí, a pista principal foi reaberta -somente
para operar sem chuva.
Após o incidente, Aeronáutica e Infraero divergiram sobre
quem liberou a pista e travaram
uma queda-de-braço.
A Folha apurou que a Infraero havia informado a torre de
controle que a pista estaria liberada às 12h20. Assim, os controladores autorizaram o uso.
Mas, após o pouso do primeiro avião, um Airbus-A319 da
TAM, vindo de Porto Alegre
(RS), às 12h23, o comando do
SRPV (Serviço Regional de
Proteção ao Vôo) decidiu suspender a operação três minutos após até chegar o Notam.
No período em que esteve fechada a pista principal, 43 pousos e 49 decolagens deixaram
de ser executados. Apesar disso, balanço da Infraero até as
17h30 apontava que apenas 2
dos 186 vôos programados no
aeroporto sofreram atraso. Outros 47 vôos foram cancelados.
A pista auxiliar permaneceu
aberta durante o dia.
Os operadores de vôo da torre tinham liberado a pista por
ser essa a prática comum após
receberem a informação sobre
a liberação da pista pela estatal.
Um oficial do SRPV, percebendo a aterrissagem do avião
da TAM, chamou a atenção dos
controladores por terem liberado a pista sem consultar os
seus superiores. Mesmo assim,
um avião da Pantanal ainda foi
autorizado pela torre a decolar,
porque já estava na pista.
Procuradas pela Folha para
comentar o assunto, Infraero e
Anac afirmaram que não podem autorizar a liberação da
pista porque a medida cabe
apenas à Aeronáutica. A reportagem entrou em contato com
a FAB para saber sobre a liberação, mas não recebeu resposta até o fechamento da edição.
Durante a tarde, a pista principal ainda fechou duas vezes.
Das 16h40 às 16h57, fechou para que técnicos da Infraero e do
IPT (Instituto de Pesquisas
Tecnológicas) avaliassem as
condições do "grooving" -ranhuras para escoar água que
ainda não estão prontas. No
início da noite, as duas pistas
fecharam por poucos minutos
em razão de uma chuva fina.
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