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TRAGÉDIA EM CONGONHAS/GOVERNO
Diretoria da Anac articula pedido de renúncia coletiva
Dos 5 diretores, 4 já estariam de acordo com a entrega do
cargo; grupo assumiu em 2006 e tem mandato de cinco anos
Governo federal, mesmo
insatisfeito com a agência,
teme que a saída provoque
um vácuo, já que o Senado
precisa aprovar substitutos
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
CLARICE SPITZ
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A diretoria da Anac (Agência
Nacional de Aviação Civil) articula um pedido de renúncia coletiva. A idéia é deixar os cargos
à disposição do presidente, segundo a Folha apurou.
Como a legislação proíbe a
demissão dos diretores da
Anac, a saída coletiva seria o
caminho mais rápido para o governo recompor o comando da
agência. Os cinco diretores assumiram em 2006 e têm mandatos de cinco anos. Quatro diretores já estariam de acordo
com a entrega de cargos. O único foco de resistência seria a diretora Denise Abreu. A intenção dos que defendem o movimento da renúncia coletiva é
entregar os cargos na terça-feira, data da próxima reunião de
diretoria da agência.
Apesar de o Palácio do Planalto estar insatisfeito com a
atuação da Anac, o governo teme que a saída coletiva provoque um vácuo no comando da
agência, já que os eventuais
substitutos têm de ser aprovados pelo Senado. Oficialmente,
os chefes-de-gabinete dos diretores negam a articulação de
uma saída coletiva.
O ministro da Defesa, Nelson
Jobim, ao saber da possibilidade de renúncia coletiva da direção da Anac, demonstrou não
gostar dessa saída. "Pode ser
até interpretado como um movimento de retaliação. Não será
bom para o país", disse Jobim a
um interlocutor.
Amanhã o ministro deve se
encontrar com o presidente da
Anac, Milton Zuanazzi. O encontro faz parte de uma série
de conversas que o novo titular
da Defesa vem mantendo para
conhecer melhor o setor.
Críticas
A agência tem sido alvo de
pressões do Planalto e de Jobim, que afirmou que pretende
modificar o comando e as atribuições da Anac. Desgastada
desde o início da crise aérea, há
dez meses, a agência passou a
sofrer fortes críticas depois do
acidente com o Airbus-A320 da
TAM, no dia 17 de julho.
A Folha apurou que entre os
cotados para assumir a direção
da Anac estão Ozires Silva (ex-presidente da Varig e da Embraer e ministro da Infra-estrutura no governo Collor),
Jorge Godinho (ex-diretor-geral do Departamento de Aviação Civil) e Adyr da Silva (ex-presidente da Infraero).
Zuanazzi disse nesta semana
ao ministro Walfrido dos Mares Mares Guia (Coordenação
Política) que está disposto a
entregar seu cargo, se esse for o
desejo do presidente Lula.
Walfrido insiste dentro do governo para que Zuanazzi fique
no cargo. Os dois se aproximaram quando o ministro ainda
ocupava a pasta do Turismo, no
primeiro mandato de Lula.
Zuanazzi era o número dois naquele ministério.
O diretor da Anac Leur Lomanto quis apresentar ontem
sua carta de renúncia, mas foi
convencido por Walfrido a
adiar a decisão, segundo a
agência Reuters.
A diretoria da Anac também
é alvo de críticas do Congresso
e de partidos políticos. Em depoimento de Zuanazzi na CPI
do Apagão Aéreo, cinco parlamentares pediram a renúncia
do comando da Anac. O DEM
apresentou ontem uma ação
popular em que pede a impugnação da nomeação de três diretores da Anac: Zuanazzi, Denise Abreu e Leur Lomanto.
A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) estuda ingressar
com uma ação civil pública pedindo a exoneração da diretoria da Anac, com o argumento
de que ela se omitiu na fiscalização das empresas aéreas.
Segundo a Folha apurou, dirigentes da Anac avaliam que o
governo está "fritando" a agência para apresentar culpados à
sociedade pelo caos aéreo.
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