São Paulo, terça-feira, 28 de julho de 2009

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Urbanistas estrangeiros veem uma cracolândia sem crack em visita a São Paulo

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma cracolândia sem crack, uma Luz sem prostitutas, um centro sem assaltos e ruas sem lixo. Foi essa a São Paulo que um grupo de urbanistas estrangeiros trazido pelo IAB-SP (Instituto de Arquitetos do Brasil), em parceria com a prefeitura, conheceu ontem.
Da Sala São Paulo, o grupo saiu escoltado por dois guardas civis armados na direção da Estação da Luz e da Pinacoteca. Em vez do trajeto original previsto pela prefeitura, que incluía ruas do reduto do tráfico de drogas, o grupo estrangeiro passou pela tangente da cracolândia e só viu de longe a degradação dos prédios da região.
No meio do caminho, um homem com um tubo de cola na mão interrompeu a turma, pedindo dinheiro e uma "ajuda pelo amor de Deus". Em dois tempos, foi enxotado pela escolta armada.
A justificativa dos organizadores para a mudança de itinerário foi "a falta de tempo". "Área degradada é área degradada. Não sentimos a necessidade de entrar naquela região porque temos dados que falam dela", disse a presidente do IAB de São Paulo, Rosana Ferrari.
"Saio da Sala São Paulo e vejo aquele horror. Parece o "Ensaio sobre a Cegueira". Agora, o pessoal não viu isso. Eles estão preocupados com o desenho urbano da cidade", afirmou Nadia Somekh, titular do Brasil na UIA (União Internacional de Arquitetos), da qual boa parte do grupo faz parte, e responsável por trazer os estrangeiros ao país para discutir o projeto de revitalização da Nova Luz.
"A vizinhança precisa ser limpada. Tem muito problema social. Quero voltar daqui a dez anos e ver como ficou", disse o cingapuriano Chong Chia Goh, que riu ao saber do antigo projeto de reurbanização de favelas que leva o nome do seu país.
À tarde, no auditório da prefeitura, os arquitetos estrangeiros da UIA ouviram alfinetadas de lado a lado do secretário de Desenvolvimento Urbano, Miguel Luiz Bucalem, e da arquiteta petista Nadia Somekh.
Para ela, "as operações urbanas tomam 20% do mapa da cidade e só são voltadas para os carros". Para ele, "não cabe importar modelos e tentar transportar para cá, não vai funcionar".


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