São Paulo, quinta-feira, 28 de julho de 2011

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ENTREVISTA MARCOS CINTRA

Troca de terreno público por creches começa em 60 dias


SECRETÁRIO DE KASSAB DIZ QUE ÁREAS SÃO MAL UTILIZADAS HOJE E QUE, NO FUTURO, PROGRAMA VAI MOSTRAR QUE É "MUITO EFICIENTE"


EVANDRO SPINELLI
DE SÃO PAULO

O polêmico plano da Prefeitura de São Paulo de repassar terrenos públicos ao mercado imobiliário em troca de creches começa em 60 dias, diz o secretário de Desenvolvimento Econômico da cidade, Marcos Cintra, 65.
Os primeiros terrenos serão a praça Alfredo di Cunto, na Mooca, zona leste, e uma área na rua Pedro de Toledo, na Vila Mariana, zona sul.
Para levantar e comercializar prédios nos espaços -a maioria deles de grande valor no mercado imobiliário-, as construtoras terão de comprar áreas em regiões carentes e construir as creches. Acabar com o deficit de vagas é uma das principais promessas de campanha do prefeito Gilberto Kassab. Quem mora próximo de alguns dos terrenos públicos, no entanto, tem protestado.
Cintra diz que a ideia geral parte do princípio segundo o qual é obrigação do administrador dar o melhor uso possível aos ativos públicos. Quanto ao terreno do Itaim Bibi, zona oeste, onde ficam escolas, postos de saúde, teatro e biblioteca, o secretário diz que o projeto melhorará o acesso da população à área.

 


Folha - Qual é o objetivo da prefeitura com o projeto?
Marcos Cintra -
É obrigação de todo servidor público dar o melhor uso possível para o ativo que pertence à sociedade. Há terrenos ociosos, invadidos, mal utilizados, emprestados ou usados para depósitos de lixo. Alguns terrenos são de altíssimo valor. Vamos iniciar o projeto com duas áreas. Uma área na Vila Mariana e uma na Mooca.

A praça Alfredo di Cunto?
É o terreno que tem um pequeno viveiro de flores e um depósito da prefeitura.
Os dois terrenos já estão em condições. É uma questão de 60 dias [para iniciar a licitação para a troca].
A vantagem é a agilidade que a iniciativa privada tem para localizar áreas, comprar e construir a creche. O Edif, nosso órgão de construção de edifícios, não consegue fazer 50 creches por ano.
Apesar de o prefeito ter dobrado o número de vagas em creches, a demanda cresceu mais que isso.

Com as duas áreas dá para fazer quantas creches?
É difícil falar porque estou ainda orçando. Mas será no máximo 40, 50 creches.
O programa vai mostrar que é muito eficiente. De seis a oito meses as creches estarão prontas, porque a iniciativa privada compra as áreas, negocia, se o cara quer mais, menos, parcela, coisa que a prefeitura não pode fazer. A prefeitura só desapropria na Justiça, em litígio.

O terreno mais valorizado é o do Itaim Bibi, que tem processo de tombamento. O que vocês pretendem fazer?
Vamos apresentar nossos argumentos para o conselho do patrimônio histórico. Mas, se tombarem, paciência, morreu, Inês é morta.
Nosso projeto prevê a manutenção do verde. É um projeto que vai ampliar até a acessibilidade da população.

Uma das críticas que se faz é que são órgãos públicos e uma área verde será retirada.
O fato de ter equipamento público ali não significa dizer que a população possa entrar e sair como um parque público, que é bem de uso comum do povo. No parque do Povo [próximo do terreno], qualquer um pode entrar e sair a hora que quer porque tem direito de entrar e usufruir. Aquela área é pública, mas de uso restrito. Portanto, não é verdade que hoje eles estejam usufruindo daquilo.

Mas também se fala da perda da massa verde...
A ideia é ajustar o projeto à vegetação para causar o mínimo dano possível. Tenho certeza de que, quando a comunidade conhecer o projeto, vai acabar com a quase histeria que está acontecendo.


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