São Paulo, terça, 28 de julho de 1998

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PÍLULA DE FARINHA

Grávida terá de fazer novo cadastro para ter médico

CARLA CONTE
da Reportagem Local

O laboratório Schering do Brasil (não confundir com a empresa Schering-Plough) iniciou ontem novo cadastramento de mulheres que alegam ter engravidado enquanto tomavam a pílula Microvlar inócua e que querem atendimento médico gratuito.
O laboratório já havia feito um cadastro com cerca de 270 grávidas até a semana passada, mas essa lista não será levada em consideração para agendar consultas médicas. As mulheres terão que voltar a ligar para a empresa e informar alguns dados pessoais para obter um telefone de uma clínica contratada pela Schering.
A empresa foi obrigada a contratar equipes médicas para atender as grávidas em decorrência de liminar concedida em favor de uma ação da Procuradoria Geral do Estado de São Paulo e do Procon, que solicitava atendimento para aquelas que comprovarem que foram vítimas do placebo.
O laboratório chegou a produzir de janeiro até abril cerca de duas toneladas de pílulas de farinha para serem usadas em teste de nova máquina de embalagem. O material seria incinerado, mas a empresa alega que parte dele foi roubado e, assim, pílulas inócuas chegaram às farmácias.
A liminar não cita que provas as grávidas têm que apresentar para comprovar que foram vítimas da Microvlar inócua. A empresa afirma que, no momento, a cartela com o número do lote usado no teste será a principal prova.
A empresa ainda não definiu se vai levar em consideração outros indícios, como, por exemplo, receituário médico. Mas o laboratório alega que vai marcar consulta para todas as grávidas e, no decorrer do processo, avaliar se cada uma é vítima do placebo ou não e levar o caso à Justiça, se necessário, para que determine que outras provas devem ser consideradas.
Para conseguir agendar uma consulta, a interessada deve ligar para o 0800-551241. A central passa o telefone do consultório mais próximo do endereço da grávida.
Até agora, foram contratadas equipes de clínicas particulares nas cidades de São Paulo, Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul (Grande SP), Campinas e São José do Rio Preto, no interior paulista, Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA) e Recife (PE).
De acordo com o laboratório, até as 15h de ontem haviam ligado para a empresa 119 mulheres -35 queriam informações sobre Microvlar, mas só 10 delas foram encaminhadas para atendimento médico após triagem.
Segundo Cid Scartezzini, um dos advogados da empresa, o laboratório não havia sido notificado até ontem da liminar concedida na semana passada em favor de uma mulher com gravidez de alto risco.
A decisão da Justiça, que é provisória, determinou que a empresa providencie atendimento para essa gestante.



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