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PÍLULA DE FARINHA
Grávida terá de fazer novo cadastro para ter médico
CARLA CONTE
da Reportagem Local
O laboratório Schering do Brasil
(não confundir com a empresa
Schering-Plough) iniciou ontem
novo cadastramento de mulheres
que alegam ter engravidado enquanto tomavam a pílula Microvlar inócua e que querem atendimento médico gratuito.
O laboratório já havia feito um
cadastro com cerca de 270 grávidas até a semana passada, mas essa
lista não será levada em consideração para agendar consultas médicas. As mulheres terão que voltar a
ligar para a empresa e informar alguns dados pessoais para obter
um telefone de uma clínica contratada pela Schering.
A empresa foi obrigada a contratar equipes médicas para atender
as grávidas em decorrência de liminar concedida em favor de uma
ação da Procuradoria Geral do Estado de São Paulo e do Procon,
que solicitava atendimento para
aquelas que comprovarem que foram vítimas do placebo.
O laboratório chegou a produzir
de janeiro até abril cerca de duas
toneladas de pílulas de farinha para serem usadas em teste de nova
máquina de embalagem. O material seria incinerado, mas a empresa alega que parte dele foi roubado
e, assim, pílulas inócuas chegaram
às farmácias.
A liminar não cita que provas as
grávidas têm que apresentar para
comprovar que foram vítimas da
Microvlar inócua. A empresa afirma que, no momento, a cartela
com o número do lote usado no
teste será a principal prova.
A empresa ainda não definiu se
vai levar em consideração outros
indícios, como, por exemplo, receituário médico. Mas o laboratório alega que vai marcar consulta
para todas as grávidas e, no decorrer do processo, avaliar se cada
uma é vítima do placebo ou não e
levar o caso à Justiça, se necessário, para que determine que outras
provas devem ser consideradas.
Para conseguir agendar uma
consulta, a interessada deve ligar
para o 0800-551241. A central passa o telefone do consultório mais
próximo do endereço da grávida.
Até agora, foram contratadas
equipes de clínicas particulares
nas cidades de São Paulo, Santo
André, São Bernardo do Campo,
São Caetano do Sul (Grande SP),
Campinas e São José do Rio Preto,
no interior paulista, Rio de Janeiro
(RJ), Salvador (BA) e Recife (PE).
De acordo com o laboratório, até
as 15h de ontem haviam ligado para a empresa 119 mulheres -35
queriam informações sobre Microvlar, mas só 10 delas foram encaminhadas para atendimento
médico após triagem.
Segundo Cid Scartezzini, um dos
advogados da empresa, o laboratório não havia sido notificado até
ontem da liminar concedida na semana passada em favor de uma
mulher com gravidez de alto risco.
A decisão da Justiça, que é provisória, determinou que a empresa
providencie atendimento para essa gestante.
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