São Paulo, domingo, 28 de agosto de 2005

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SAÚDE/ESTÉTICA

Especialistas põem em dúvida efeito do produto se não houver dieta saudável e exercícios

Médicos questionam eficácia de nova bermuda anticelulite

FERNANDA BASSETTE
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

A celulite, distúrbio relacionado especialmente à anatomia da mulher e que provoca os famosos "buraquinhos" na região das nádegas e coxas, ganhou mais um produto para seu combate: uma bermuda anticelulite. Especialistas já alertam, no entanto, que, sozinha, a roupa não tem eficácia.
A bermuda foi aprovada na semana passada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), órgão responsável por validar a eficácia de um produto.
Os médicos são unânimes em afirmar que, se a mulher não incluir na sua rotina uma alimentação saudável e a prática regular de exercícios físicos, ela vai continuar jogando dinheiro fora. A bermuda custa R$ 280.
A roupa, fabricada por uma empresa brasileira, incorporou em seu tecido a biocerâmica, um micropó de sílica importado do Japão e que seria capaz de estimular o metabolismo e melhorar a circulação da região por conta dos efeitos da radiação luminosa, que gera calor diretamente na pele.
Segundo o nutrólogo Aloízio Faria de Souza, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Estética, a celulite é um problema crônico, que não tem cura. "Essa emissão de calor [provocada pela bermuda] pode ser um fator coadjuvante no tratamento contra celulite, mas é pouco eficiente. Duvido que apenas usar uma bermuda proporcione resultados satisfatórios", diz o especialista.
Segundo a dermatologista Ediléia Bagatin, que responde pela área de cosmiatria da Sociedade Brasileira de Dermatologia, o tecido da bermuda deve promover, no máximo, uma melhor absorção dos cremes, por conta do aquecimento. "Só aquece, é como uma compressa, e não altera o problema anatômico."
O endocrinologista Wilmar Accúrsio, secretário-geral da SBME, diz que a melhora da celulite depende de uma série de técnicas associadas (veja quadro nesta página). "O uso de remédios fitoterápicos e de cremes redutores ou massagens pode, no início, até sugerir uma melhora, mas a mulher não deixa de ser mulher. É necessário um tratamento contínuo."
O pesquisador e doutor em engenharia biomédica Luiz Augusto Lupato Conrado, que descobriu os efeitos da biocerâmica na redução da celulite, concorda que "a bermuda sozinha não faz milagres", mas afirma que é possível, sim, diminuir seus efeitos em até 65%, segundo estudo publicado no "Journal of Drugs in Dermatology", de Nova York (EUA).
O estudo aponta, no entanto, que os melhores resultados só são obtidos com o uso associado de cremes e que há apenas uma melhora aparente da pele.


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