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SAÚDE/ESTÉTICA
Especialistas põem em dúvida efeito do produto se não houver dieta saudável e exercícios
Médicos questionam eficácia de nova bermuda anticelulite
FERNANDA BASSETTE
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
A celulite, distúrbio relacionado
especialmente à anatomia da mulher e que provoca os famosos
"buraquinhos" na região das nádegas e coxas, ganhou mais um
produto para seu combate: uma
bermuda anticelulite. Especialistas já alertam, no entanto, que, sozinha, a roupa não tem eficácia.
A bermuda foi aprovada na semana passada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), órgão responsável por validar a eficácia de um produto.
Os médicos são unânimes em
afirmar que, se a mulher não incluir na sua rotina uma alimentação saudável e a prática regular de
exercícios físicos, ela vai continuar jogando dinheiro fora. A
bermuda custa R$ 280.
A roupa, fabricada por uma empresa brasileira, incorporou em
seu tecido a biocerâmica, um micropó de sílica importado do Japão e que seria capaz de estimular
o metabolismo e melhorar a circulação da região por conta dos
efeitos da radiação luminosa, que
gera calor diretamente na pele.
Segundo o nutrólogo Aloízio
Faria de Souza, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina
Estética, a celulite é um problema
crônico, que não tem cura. "Essa
emissão de calor [provocada pela
bermuda] pode ser um fator
coadjuvante no tratamento contra celulite, mas é pouco eficiente.
Duvido que apenas usar uma bermuda proporcione resultados satisfatórios", diz o especialista.
Segundo a dermatologista Ediléia Bagatin, que responde pela
área de cosmiatria da Sociedade
Brasileira de Dermatologia, o tecido da bermuda deve promover,
no máximo, uma melhor absorção dos cremes, por conta do
aquecimento. "Só aquece, é como
uma compressa, e não altera o
problema anatômico."
O endocrinologista Wilmar Accúrsio, secretário-geral da SBME,
diz que a melhora da celulite depende de uma série de técnicas associadas (veja quadro nesta página). "O uso de remédios fitoterápicos e de cremes redutores ou
massagens pode, no início, até sugerir uma melhora, mas a mulher
não deixa de ser mulher. É necessário um tratamento contínuo."
O pesquisador e doutor em engenharia biomédica Luiz Augusto
Lupato Conrado, que descobriu
os efeitos da biocerâmica na redução da celulite, concorda que "a
bermuda sozinha não faz milagres", mas afirma que é possível,
sim, diminuir seus efeitos em até
65%, segundo estudo publicado
no "Journal of Drugs in Dermatology", de Nova York (EUA).
O estudo aponta, no entanto,
que os melhores resultados só são
obtidos com o uso associado de
cremes e que há apenas uma melhora aparente da pele.
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