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Para docentes, Enem simula vestibular
Segundo especialistas, prova, considerada fácil, optou por questões específicas e deu ênfase à interpretação de textos
Professores elogiaram tema da redação, "o poder de transformação da leitura",
e apontaram imprecisões em pergunta de geografia
Apu Gomes/Folha Imagem
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Estudantes fazem a prova do Enem no Centro Universitário Íbero-Americano; mais de 3,7 milhões de alunos estavam inscritos para fazer a avaliação |
DA REPORTAGEM LOCAL
A prova do Enem (Exame
Nacional do Ensino Médio),
feita ontem por 3,731 milhões
de estudantes em todo o país,
foi, segundo professores de
cursinho, uma espécie de teste
pré-vestibular.
A avaliação optou por questões específicas em vez das interdisciplinares e deu ênfase à
interpretação de textos. A redação abordou o "poder de transformação da leitura", tema que
agradou aos professores.
"É um tipo de prova com cobrança mais próxima de vestibular, com as questões divididas, como as oito primeiras de
português", afirmou a professora Célia Passoni, coordenadora de português do Etapa.
O coordenador do Sistema
Anglo de Ensino, Nicolau Marmo, tem opinião semelhante.
"A prova teve características
diferentes daquelas dos anos
anteriores. Os alunos esperavam questões interdisciplinares, mas a maioria não foi assim", afirmou. "Dividiram a
prova pelas matérias."
Segundo ele, história e biologia foram as únicas disciplinas
que exigiam conhecimento específico prévio. "Nos outros
anos, as informações para a
resposta estavam na própria
questão", disse.
Para o professor Francisco
Achcar, coordenador de português do Objetivo, a prova exigiu
poucos conhecimentos dos
alunos -bastava uma compreensão de texto razoável. "A
prova não passava de conhecimentos básicos e interpretação
de textos", afirmou ele, que viu
exagero nas questões de geografia (foram 22) em comparação, por exemplo, às de língua
portuguesa (7).
Não houve erros graves na
prova, apenas imprecisões, dizem os professores. Em uma
questão de geografia, sobre
mudanças nas fronteiras de
países da Europa Oriental no
final do século 20, duas respostas podem ser corretas, segundo o Anglo, mas o Inep considerou apenas uma. Para o professor Edilson Adão, do cursinho da Poli, houve erro.
A resposta correta no gabarito oficial atribuía o fenômeno
ao avanço do capitalismo e da
ideologia neoliberal. Adão diz
que alternativa mais fiel, porém, era a que associava as divisões nas fronteiras a "lutas de
antigas e tradicionais comunidades nacionais e religiosas
oprimidas por Estados criados
antes da 2ª Guerra Mundial".
O tema da redação foi classificado como "excelente" pelo
coordenador de português do
Objetivo. "O tema tem a ver
com a leitura, que é justamente
a habilidade central da prova."
Para Achcar, usar a leitura como tema da redação é mais
apropriado que recorrer a um
tema contemporâneo. "O estudo é a capacidade de transformar, e parte disso é leitura."
A estudante Adriana Vital,
19, achou a redação, a exemplo
de toda a prova, fácil, mas esperava um tema mais atual. "Como faço cursinho, eu estava por
dentro [dos assuntos abordados]", disse ela, que pretende
cursar farmácia na Unesp.
O Enem é obrigatório para
quem quer participar do Prouni (Programa Universidade para Todos), que concede bolsas
em universidades a alunos carentes. O número de alunos ausentes será divulgado amanhã.
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