São Paulo, terça-feira, 28 de agosto de 2007

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Protesto de cardiologistas deixa 75 em fila por cirurgia

Em Fortaleza, médicos se recusam a operar em quatro hospitais conveniados ao SUS

Descontigenciamento de R$ 2 bilhões, que deve ser destinado na maior parte para a crise da saúde no NE, foi anunciado pelo governo

KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

A recusa de 25 cardiologistas em fazer cirurgias em quatro hospitais privados conveniados ao SUS (Sistema Único de Saúde), em Fortaleza, agravou o problema de pacientes que esperam ser operados no maior hospital público especializado em cirurgia cardíaca no Ceará.
Segundo a direção do Hospital de Messejana, havia ontem 75 pessoas à espera de cirurgia.
No hospital, os mesmos médicos (que fazem parte de uma cooperativa, a Coopcardio) que pararam de atender nos outros locais mantiveram o atendimento no Messejana porque o governo do Estado complementa os valores pagos pelo SUS. Segundo o diretor técnico do hospital, Olavo Magalhães, a cada mês, o SUS paga R$ 1,8 milhão em procedimentos. O governo do Estado aporta R$ 400 mil, em média.
A paralisação nas demais instituições, no entanto, se refletiu na fila do hospital público.
Internada desde 18 de julho com um problema congênito no coração, Cícera Carvalho, 26, é uma das pacientes à espera. Ela já teve sua cirurgia de troca de válvula no coração desmarcada algumas vezes. Sua cirurgia foi desmarcada porque em seu lugar tiveram de ser atendidos pacientes de emergência, com risco de morte.
Normalmente, o Hospital de Messejana faz 80 cirurgias cardíacas por mês, mas, como a demanda é maior do que esse número, envia mais 50 pacientes para outros quatro hospitais de Fortaleza credenciados ao SUS.
"O hospital atende sempre na sua capacidade máxima, mas com a paralisação dos hospitais credenciados, há um congestionamento das cirurgias, especialmente das eletivas [com data marcada]", disse o diretor técnico do hospital, Olavo Magalhães.
Os cardiologistas, ao lado dos anestesistas que prestam serviços nesse tipo de cirurgia, pararam de atender pacientes do SUS em hospitais credenciados desde o dia 1º de julho.
Ontem, representantes dos médicos se reuniram com membros das secretarias municipal e estadual da Saúde, mas não houve acordo. Os médicos só admitiram voltar a atender casos de emergência nos hospitais privados.
A principal reivindicação dos médicos -e dos donos de hospitais privados- é um reajuste da tabela paga pelo SUS pelos procedimentos cirúrgicos.
Ontem, o Ministério da Saúde anunciou o descontigenciamento de R$ 2 bilhões do seu orçamento, principalmente para atender à crise do setor de saúde no Nordeste.
Nas últimas semanas os Estados de Alagoas, Pernambuco e Paraíba enfrentaram greves e pedidos de demissões em massa de médicos da rede pública.


Colaborou a Sucursal de Brasília


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