São Paulo, sábado, 28 de agosto de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Justiça suspende derrubada de prédios na cracolândia

Demolição para erguer complexo cultural é objeto de disputa entre empresas

Local vai abrigar centro com três teatros e custar cerca de R$ 600 mi; governo afirma que obra não vai atrasar

JOSÉ BENEDITO DA SILVA
DE SÃO PAULO

A Justiça de São Paulo suspendeu as obras de demolição de imóveis de uma quadra inteira na região da cracolândia, onde será construído o Complexo Cultural Luz, um projeto de R$ 600 milhões do governo do Estado.
A suspensão ocorreu por conta de uma disputa entre duas empresas pelo contrato, de R$ 3,5 milhões.
O complexo, de 95 mil m2, vai abrigar três teatros e as sedes da Companhia de Dança e da Escola de Música do Estado. A arquitetura é dos suíços Jacques Herzog e Pierre de Meuron, autores do projeto do museu Tate Modern, de Londres, entre outros.
Segundo a Secretaria de Estado da Cultura, o revés não deve atrasar a construção do centro, ainda na fase de projeto básico. A previsão é que ela termine em 2011.
As demolições ocorrem no perímetro da praça Julio Prestes, avenida Duque de Caxias, alameda Dino Bueno e ruas Helvétia e Barão de Piracicaba. Um dos prédios é o da antiga rodoviária.
O complexo, em frente à Sala São Paulo, integra esforço do governo para revitalizar, por meio de bens culturais, a região da cracolândia.

DISPUTA
A licitação para a demolição dos imóveis -que incluem ainda bares, prédios de até 11 andares e uma unidade do Corpo de Bombeiros- terminou em março.
Embora o governo estimasse o contrato em até R$ 7,5 milhões, a empresa Fator levou o serviço por R$ 3,5 milhões no pregão eletrônico.
A Demolidora ABC, segunda colocada na disputa, foi à Justiça alegando que a vencedora não comprovou capacidade técnica e financeira.
Juntou parecer da assessoria de obras e projetos da secretaria, que diz que a Fator "não atende às exigências para a execução do objeto".
A comissão do pregão ouviu a Fator e a manteve na disputa. "Não poderia. Quem tem expertise para aferir se ela tem capacidade técnica é a equipe técnica", diz Paulo Ramalho, advogado da ABC.

CRACK
Com a demora na decisão, a demolição só foi suspensa quando mais da metade da área já foi demolida.
Restam ainda parte da velha rodoviária, alguns bares na Duque de Caixas e a sede dos bombeiros.
Na área demolida, o terreno virou ponto de reunião de viciados em crack -ontem, havia pelo menos 30, observados por policiais militares, guardas-civis e moradores.


Texto Anterior: Erozalto do Nascimento (1953 - 2010): Empresário da locação de carros
Próximo Texto: Outro lado: Estado defende licitação e diz que obra não atrasa
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.