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São Paulo, domingo, 28 de setembro de 2003

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SAÚDE

Estudos mostram que exercícios reduzem o risco da doença principalmente no intestino grosso e nas mamas

Atividade física ajuda a prevenir câncer

FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

Dado estimulante para quem pretendia passar o domingo no sofá: acumulam-se os estudos que mostram "poderes" pouco conhecidos da atividade física, como o de prevenir alguns tipos de câncer. "Já existem evidências principalmente para os casos de câncer de cólon [intestino grosso] e de mama", afirma Ryad Younes, chefe do setor de Cirurgia Torácica do Hospital do Câncer de SP.
O câncer colo-retal é a terceira causa mais comum de morte por câncer no país, segundo dados do Inca (Instituto Nacional de Câncer). O de mama é o que mais causa mortes em mulheres (mais de 8.000 casos em 2000) e é o segundo mais incidente na população feminina (são previstos 41.610 novos casos neste ano).
A maioria dos casos de câncer está relacionada ao ambiente em que vive o paciente, contabilizados aí hábitos de alimentação e o padrão de atividade física.
"Alguns estudos falam do benefício da atividade leve, outros da alta atividade. No mínimo, é melhor do que o sedentarismo", diz Younes. Pesquisadores ainda debatem qual seria a "dose" ideal para obter benefícios consistentes. Mas combater o sedentarismo já faz parte da recomendação de sociedades de oncologia para um estilo de vida mais saudável. A norte-americana a incluiu em 1996. E em 2000 pesquisadores já consideravam a atividade física com um fator independente de proteção -não-associado à dieta, por exemplo.
Em 1995, estudos comprovaram que 30 minutos diários de atividade física moderada, na maior parte da semana, trazem benefícios ao organismo. Os 30 minutos podem ser contínuos ou repartidos em diferentes atividades leves a moderadas, como andar até o trabalho, passear com o cachorro, cuidar do jardim.
A mensagem foi encampada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) no seu programa de combate ao sedentarismo. Estudos divulgados em 2000 recomendavam de 30 a 45 minutos na maioria dos dias principalmente para a prevenção do câncer de cólon.
A redução de risco para câncer de cólon trazida pela atividade física varia de 10% a 50%, a maior foi verificada no estudo mais novo, de 2001. Um dos mais recentes trabalhos sobre atividade física e câncer de mama, publicado neste mês no Jama (publicação da Associação Médica Norte-Americana), mostra que mulheres na pós-menopausa que andavam vigorosamente por 1,25 hora a 2,5 horas por semana tiveram uma redução de 18% no risco para esse tipo de câncer em relação às sedentárias.
No quadro publicado nesta página, foram reproduzidas as avaliações mais "conservadoras" sobre o impacto da atividade física na redução do risco para doenças. Os dados foram compilados pelo Celafiscs (Centros de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul), ONG que atua há 30 anos na área de promoção da atividade física.

Incógnita
Até dez anos atrás, nem os médicos davam muita atenção ao sedentarismo como fator de risco para o câncer, centrando o foco sobre o cigarro, a alimentação. Ainda há poucas informações sobre benefícios para outras doenças porque faltam pesquisas.
Ainda é uma incógnita o mecanismo fisiológico que faz com que a atividade física combata os cânceres de mama e de cólon.
"Há sugestões de que a atividade física reduza o tempo de exposição ao estrogênio [hormônio feminino que estimula células cancerígenas]", diz Tânia Cavalcante, chefe da Divisão do Programa de Controle do Tabagismo e outros Fatores de Risco do Inca. A instituição desenvolve um projeto-piloto de combate à má alimentação e ao sedentarismo, que será ampliado no fim de 2004.
No caso do câncer de cólon, uma das hipóteses é o fato de o exercício acelerar o trânsito intestinal, diminuindo a permanência de substâncias cancerígenas.

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