São Paulo, terça-feira, 28 de setembro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ESTIAGEM

Incêndio, que começou no sábado, devastou um milhão de metros quadrados, o equivalente a 135 campos de futebol

Fogo destrói área ambiental em São Carlos

Edson Silva/Folha Imagem
Vista de parte da área de proteção ambiental que foi queimada no final de semana em São Carlos


AFRA BALAZINA
FREE-LANCE PARA A FOLHA RIBEIRÃO

Uma área de proteção ambiental de cerca de um milhão de metros quadrados foi queimada em São Carlos (a 231 quilômetros da capital paulista) no final de semana, em um dos piores incêndios do Estado neste ano, segundo a Polícia Militar Ambiental. A área destruída equivale a 135 campos de futebol.
No local do incêndio, na altura do km 222 da rodovia Washington Luís, fica a APA (Área de Proteção Ambiental) Corumbataí, criada em 1983 para proteger áreas de recarga do aqüífero Guarani -reservatório subterrâneo de água- e remanescentes da vegetação de cerrado. No total, a reserva tem 2,7 milhões de metros quadrados.
O incêndio atingiu duas chácaras, uma fazenda e um sítio. Para apagá-lo, trabalharam 15 bombeiros, com dois carros, e cerca de 20 moradores da área. Uma usina da região forneceu água para os bombeiros. O Saae (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) de São Carlos e a construtora Encalso também auxiliaram, cedendo dois caminhões-pipa. O fogo, que começou no sábado, só foi controlado na madrugada de ontem.
De acordo com o sargento Ademir Aparecido de Paula, 41, da Polícia Militar Ambiental, é a primeira vez que ocorre na região um incêndio dessa proporção.
A corporação vai apurar as causas do incêndio. Na região, não chove pelo menos desde o início de agosto. Os donos da fazenda e do sítio receberão uma notificação e podem ser multados, cada um, em R$ 7.500. "Eles deveriam ter deixado uma área de dez metros de rua de terra em toda a propriedade para o fogo não atingir a vegetação", disse Paula.
Segundo moradores das chácaras, havia veados, raposas, cachorros-do-mato, quatis, jacutingas e várias aves no morro do Itaguaçu, que foi queimado. Uma moradora, que não quis se identificar, disse que é comum colocar fogo para limpar o terreno.
De acordo com Iracy Xavier da Silva, da Coordenadoria de Planejamento da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, uma APA é constituída muitas vezes por áreas particulares, diferentemente de um parque ou reserva ecológica. "Como é uma área de cerradão, que perde as folhas, fica muito vulnerável na estiagem."
A região de Ribeirão Preto é uma das mais atingidas pela estiagem no Estado -em alguns municípios não chove há mais de 90 dia. Segundo o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), dos 46 municípios do Estado que se encontram em "estado crítico" com relação ao risco de fogo, 12 estão na região de Ribeirão.


Texto Anterior: Furto de cabos de energia cresce e deixa 8% das ruas de SP sem luz
Próximo Texto: Incêndio atinge parte de parque nacional no Rio
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.