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AMBIENTE
Cerca de 9.000 l de ascarel desaparecem da antiga sede do "Jornal do Brasil", abandonada há pelo menos três anos
Óleo cancerígeno some de prédio no Rio
DA SUCURSAL DO RIO
Cerca de 9.000 litros do óleo
cancerígeno ascarel desapareceram do prédio onde funcionava a
antiga sede do "Jornal do Brasil",
no bairro do Caju (zona portuária
do Rio de Janeiro).
A descoberta foi feita anteontem por técnicos da Feema (Fundação Estadual de Engenharia do
Meio Ambiente), que receberam
uma denúncia anônima sobre o
sumiço do material. O edifício onde o óleo se encontrava está abandonado há pelo menos três anos.
Após realizar uma vistoria no
local, a Feema encontrou 2.000 litros da substância em transformadores de energia elétrica. O
material, segundo a Feema, terá
de ser retirado do prédio porque
ali funcionará, em breve, a nova
sede do Into (Instituto Nacional
de Traumo-Ortopedia).
A Feema diz não ter informações sobre o destino dos 9.000 litros de ascarel. Para o órgão, o
material teria sido roubado durante as sucessivas invasões ocorridas no prédio durante o ano
passado e neste ano.
O presidente da Comissão de
Meio Ambiente da Assembléia
Legislativa do Rio, deputado Carlos Minc (PT), declarou que, além
do roubo do material, foi constatado também um vazamento do
óleo para fora do prédio. O fato,
segundo ele, pode ser grave pois o
edifício fica às margens da baía de
Guanabara. Para ele, o sumiço
dos 9.000 litros pode gerar a pior
crise ambiental do Estado.
"Estamos vivendo uma potencial crise de saúde pública, um novo césio 137 [elemento químico
que foi retirado de cápsula usada
em aparelhos de raios X, em Goiânia, no ano de 1987, e que matou
quatro pessoas]", disse.
"O óleo pode ter sido deixado
no solo, contaminando o lençol
freático, ou entornado na baía de
Guanabara, o que seria o maior
desastre ambiental no Rio de Janeiro. Também pode ter sido vendido como óleo queimado em um
posto de gasolina, ou pior, pode
estar sendo usado para fritar alimentos", acrescentou Minc.
A Polícia Federal afirmou ontem que vai abrir inquérito para
apurar o sumiço do material da
antiga sede do "Jornal do Brasil".
O ascarel foi proibido no Brasil a
partir da Constituição de 1988. O
médico Luiz Tenório, que acompanhou a vistoria, afirmou que, se
os vapores do óleo forem inalados
por um período grande de tempo,
podem causar câncer no fígado,
no baço e no rim, além de atacar o
sistema nervoso central.
O óleo é um composto de bifenil
policlorado e era usado principalmente como isolante em transformadores de energia elétrica.
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