São Paulo, quarta-feira, 28 de setembro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

AMBIENTE

Cerca de 9.000 l de ascarel desaparecem da antiga sede do "Jornal do Brasil", abandonada há pelo menos três anos

Óleo cancerígeno some de prédio no Rio

DA SUCURSAL DO RIO

Cerca de 9.000 litros do óleo cancerígeno ascarel desapareceram do prédio onde funcionava a antiga sede do "Jornal do Brasil", no bairro do Caju (zona portuária do Rio de Janeiro).
A descoberta foi feita anteontem por técnicos da Feema (Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente), que receberam uma denúncia anônima sobre o sumiço do material. O edifício onde o óleo se encontrava está abandonado há pelo menos três anos.
Após realizar uma vistoria no local, a Feema encontrou 2.000 litros da substância em transformadores de energia elétrica. O material, segundo a Feema, terá de ser retirado do prédio porque ali funcionará, em breve, a nova sede do Into (Instituto Nacional de Traumo-Ortopedia).
A Feema diz não ter informações sobre o destino dos 9.000 litros de ascarel. Para o órgão, o material teria sido roubado durante as sucessivas invasões ocorridas no prédio durante o ano passado e neste ano.
O presidente da Comissão de Meio Ambiente da Assembléia Legislativa do Rio, deputado Carlos Minc (PT), declarou que, além do roubo do material, foi constatado também um vazamento do óleo para fora do prédio. O fato, segundo ele, pode ser grave pois o edifício fica às margens da baía de Guanabara. Para ele, o sumiço dos 9.000 litros pode gerar a pior crise ambiental do Estado.
"Estamos vivendo uma potencial crise de saúde pública, um novo césio 137 [elemento químico que foi retirado de cápsula usada em aparelhos de raios X, em Goiânia, no ano de 1987, e que matou quatro pessoas]", disse.
"O óleo pode ter sido deixado no solo, contaminando o lençol freático, ou entornado na baía de Guanabara, o que seria o maior desastre ambiental no Rio de Janeiro. Também pode ter sido vendido como óleo queimado em um posto de gasolina, ou pior, pode estar sendo usado para fritar alimentos", acrescentou Minc.
A Polícia Federal afirmou ontem que vai abrir inquérito para apurar o sumiço do material da antiga sede do "Jornal do Brasil".
O ascarel foi proibido no Brasil a partir da Constituição de 1988. O médico Luiz Tenório, que acompanhou a vistoria, afirmou que, se os vapores do óleo forem inalados por um período grande de tempo, podem causar câncer no fígado, no baço e no rim, além de atacar o sistema nervoso central.
O óleo é um composto de bifenil policlorado e era usado principalmente como isolante em transformadores de energia elétrica.


Texto Anterior: Administração: Secretário sai para votar em eleição na Câmara
Próximo Texto: Mortes
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.