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Hospital onde acusado ficava não recupera ninguém, diz conselho
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de
São Paulo) afirmou ontem que
o hospital onde estava internado o acusado de matar os dois
jovens na serra da Cantareira
encontra-se em uma situação
"caótica" pela falta de médicos
e "não recupera ninguém".
Considerando o número de
internos (206), o conselho estima que seriam necessários 21
psiquiatras diaristas (para o
tratamento) e 16 plantonistas
(para emergências). Uma diligência feita no local constatou
que trabalham no local apenas
oito plantonistas.
Técnicos da entidade foram à
unidade 2 do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico de Franco da Rocha no dia 31
de agosto passado, juntamente
com o Condepe (conselho da
defesa dos direitos da pessoa
humana, ligado à Secretaria Estadual da Justiça). Foram checar justamente uma denúncia
de falta de médicos no local.
As entidades constataram
também que não havia farmacêutico (o hospital utiliza drogas controladas) e nutricionistas. A unidade também não tem registro no Cremesp. "A situação é caótica. Uma instituição
assim não recupera ninguém,
só embrutece", disse o presidente do Cremesp, Henrique
Carlos Gonçalves.
"Não há médicos à noite nem
aos finais de semana", disse o
psiquiatra Paulo Sampaio,
membro do Condepe. "A desinternação progressiva é uma boa
medida, mas o interno precisa
ser bem acompanhado."
A Secretaria de Administração Penitenciária do governo
José Serra (PSDB) afirmou
que, "até que haja a devida contratação do psiquiatra, a unidade de Franco da Rocha 1 tem
colaborado no atendimento".
A reportagem tentou falar
ontem com as direções dos hospitais de custódia e tratamento
psiquiátrico de Franco da Rocha e de Taubaté.
Em Franco da Rocha, a diretora da unidade 2 -que possui
desinternação progressiva- ,
Kátia Angelina dos Reis Neves
Puga, disse, por meio de uma
assessora, que não estava autorizada a falar. Em Taubaté, uma
funcionária informou que o diretor estava de férias, seu substituto não estava e que não havia ninguém da direção que pudesse falar com a reportagem.
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