São Paulo, sexta-feira, 28 de setembro de 2007

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Hospital onde acusado ficava não recupera ninguém, diz conselho

FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) afirmou ontem que o hospital onde estava internado o acusado de matar os dois jovens na serra da Cantareira encontra-se em uma situação "caótica" pela falta de médicos e "não recupera ninguém".
Considerando o número de internos (206), o conselho estima que seriam necessários 21 psiquiatras diaristas (para o tratamento) e 16 plantonistas (para emergências). Uma diligência feita no local constatou que trabalham no local apenas oito plantonistas.
Técnicos da entidade foram à unidade 2 do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico de Franco da Rocha no dia 31 de agosto passado, juntamente com o Condepe (conselho da defesa dos direitos da pessoa humana, ligado à Secretaria Estadual da Justiça). Foram checar justamente uma denúncia de falta de médicos no local.
As entidades constataram também que não havia farmacêutico (o hospital utiliza drogas controladas) e nutricionistas. A unidade também não tem registro no Cremesp. "A situação é caótica. Uma instituição assim não recupera ninguém, só embrutece", disse o presidente do Cremesp, Henrique Carlos Gonçalves.
"Não há médicos à noite nem aos finais de semana", disse o psiquiatra Paulo Sampaio, membro do Condepe. "A desinternação progressiva é uma boa medida, mas o interno precisa ser bem acompanhado."
A Secretaria de Administração Penitenciária do governo José Serra (PSDB) afirmou que, "até que haja a devida contratação do psiquiatra, a unidade de Franco da Rocha 1 tem colaborado no atendimento".
A reportagem tentou falar ontem com as direções dos hospitais de custódia e tratamento psiquiátrico de Franco da Rocha e de Taubaté.
Em Franco da Rocha, a diretora da unidade 2 -que possui desinternação progressiva- , Kátia Angelina dos Reis Neves Puga, disse, por meio de uma assessora, que não estava autorizada a falar. Em Taubaté, uma funcionária informou que o diretor estava de férias, seu substituto não estava e que não havia ninguém da direção que pudesse falar com a reportagem.


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