São Paulo, domingo, 28 de setembro de 2008

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Após duas tentativas, cearense quer deixar SP em definitivo

Fotos Alex Almeida/Folha Imagem
A cearense Francisca de Fátima Rodrigues, que vai deixar SP

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Até o fim do ano, Francisca de Fátima Rodrigues, 40, vai pegar um ônibus na rodoviária do Tietê, em São Paulo, só com a passagem de ida para o Ceará.
É a terceira tentativa de deixar São Paulo. Mas, dessa vez, ela garante: não volta mais. "Vou com Deus, a cara e a coragem."
É que as 35 cartas que mandou para programas de TV pedindo ajuda não surtiram efeito. Por isso, ela vai vender "todas as coisinhas" que tem na garagem, onde mora com os três filhos no Campo Limpo (zona sul de SP), e "tentar (lá) uma vida melhor".
Francisca tinha 18 anos quando pisou em São Paulo pela primeira vez. A irmã "veio na frente", conseguiu emprego em uma loja e, de passeio no Ceará, deixou o dinheiro para que ela e o pai viessem. Logo vieram a mãe e mais quatro irmãos. Não sobrou ninguém da família em Senador Pompeu (CE). Ficaram para trás a caatinga, a fome e o clima quente semi-árido.
"Eu vim em busca de socorro, mas, desde que cheguei aqui, é só sofrimento", reclama Francisca, que foi metalúrgica, auxiliar de cozinha de mais de cinco restaurantes, casou e separou duas vezes. Na segunda, voltou para o Ceará. "Mas lá não tinha emprego". No mesmo ano, estava de novo em São Paulo. Era 1996. Casada de novo, decepcionou-se e retornou ao Ceará. "Tentei ficar, mas não deu, passei necessidade e acabei aqui".
Desde 1999, morava na zona sul de São Paulo, "na favela, uma dificuldade". Acordava às 3h, pegava o ônibus e, às 4h30, estava vendendo pão de queijo na barraquinha em Pinheiros. "Mas o pessoal foi chegando, abrindo e perdi minha clientela. Não deu mais." Hoje ela faz um curso de corte de cabelo em uma ONG e sonha alto: quer ter a casa própria em Fortaleza, trabalhando como cabeleireira. "Meu tempo determinado em São Paulo chegou", diz."


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