São Paulo, quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Tenente-coronel é preso suspeito de mandar matar juíza no Rio

Oficial e outros seis policiais investigados por corrupção teriam participado do assassinato

Crime ocorreu, segundo PM preso, pois ela investigava corrupção no batalhão; ao todo, 10 agentes foram presos

ITALO NOGUEIRA
MARCO ANTÔNIO MARTINS
PAULA BIANCHI

DO RIO

O assassinato da juíza Patrícia Acioli, ocorrido no mês passado no Rio, ganhou mais um capítulo ontem. De acordo com as investigações, o tenente-coronel Cláudio Luiz de Oliveira é suspeito de ser o mentor do crime.
Ele foi preso ontem com outros seis agentes que também teriam participação na morte da magistrada, no dia 11 de agosto. Oliveira era o comandante do batalhão da PM de São Gonçalo, cidade onde a juíza atuava. A polícia chegou até Oliveira após ouvir o depoimento do cabo Sérgio da Costa Júnior. Ele foi preso no início do mês com outros dois PMs suspeitos de matar Acioli.
Segundo a polícia, Costa Júnior confessou e deu detalhes sobre como o crime foi planejado pela quadrilha formada por policiais. Como ajudou a polícia, ele será beneficiado por delação premiada. A Polícia Civil diz que agora o caso está "praticamente elucidado".
No depoimento, o cabo afirmou que o grupo tinha a intenção de matar a juíza desde abril. Diz ainda que houve dois planos abortados.
Na primeira tentativa, em maio, a dupla que aguardava a saída da magistrada no fórum não a viu saindo do prédio. A segunda, na véspera do crime, teve de ser abortada porque Acioli saiu acompanhada de policiais.
O policial disse ainda que o grupo tentou contratar milicianos na favela São José Operário para executar a tarefa, mas não chegou a um acordo sobre o pagamento.
Oito dos suspeitos formavam o GAT (Grupo de Ações Táticas) do 7º Batalhão (São Gonçalo) da PM. De acordo com o depoimento, eles vendiam ilegalmente materiais apreendidos em operações policiais. Parte do arrecadado, diz o cabo, era repassado ao comandante.

INVESTIGAÇÃO
A magistrada passou a incomodar o grupo quando foram iniciadas investigações sobre a corrupção no batalhão de São Gonçalo.
Os processos abertos por homicídios nas operações dificultaram a quadrilha de PMs, afirma o cabo.
"A juíza investigava o tenente-coronel por participação em execuções e corrupção. Estava no encalço dele", disse o delegado Felipe Ettore, da Divisão de Homicídios.
Segundo o cabo, o tenente Daniel Santos Benitez Lopes, foi o primeiro a cogitar o assassinato. O cabo disse que o tenente deu a entender que a sugestão foi do comandante. Oliveira diz que é inocente.
A decisão de matá-la foi reforçada após dois integrantes do GAT serem presos sob suspeita do assassinato de um Diego Beliene, 18. Os outros agentes passaram a ser investigados pelo crime.
Ainda de acordo com o cabo, o objetivo imediato era evitar a decretação da prisão dos outros seis agentes do GAT, medida que já havia sido tomada pela juíza, sem que o grupo soubesse.
O cabo afirma que Oliveira o visitou na prisão e chegou a oferecer ajuda para contratar um advogado de defesa.


Texto Anterior: FOLHA.com
Próximo Texto: Frase
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.