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SEGURANÇA
Para desativar cadeias em batalhões, Estado
leva policiais para unidade que já teve rebelião com morte e fuga
Rio coloca PMs detidos em unidade de presos comuns
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DO RIO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Policiais militares que estavam
presos em batalhões do Rio esperando julgamento foram transferidos ontem para o antigo presídio de Benfica, na zona norte.
Apesar de ocupar um andar exclusivo, os PMs estão numa mesma unidade que presos comuns.
Eles passaram o dia em protesto.
O presídio, agora Centro de Observação e Reintegração Social de
Benfica, teve 31 pessoas mortas
em rebelião entre 29 e 31 de maio.
Ontem, 91 PMs chegaram ao local. No andar de cima, 105 presos
comuns cumprem pena.
Em protesto, os policiais bateram nas grades, gritaram palavras
de ordem contra o Estado, criticaram a falta de comida, de água, de
colchões, e de segurança.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública, a transferência visa
acabar com prisões nos batalhões.
A medida teria sido fruto de acordo entre dois órgãos estaduais, o
comando da PM e a Secretaria de
Administração Penitenciária.
"É o embrião de um presídio
militar", resumiu o subsecretário
de Administração Penitenciária
Francisco Spargolli, sem explicar
o motivo de o Estado não ter removido os presos comuns antes.
A Secretaria de Segurança disse
haver ainda nos quartéis 214 policiais e que, sem as prisões nos batalhões, os PMs que fazem custódia serão deslocados para as ruas.
A segurança do presídio de Benfica já se mostrou precária. Além
da rebelião de maio, 48 presos fugiram por cordas no último dia
10. Uma delas foi posta na guarita.
"Segurança física existe em Benfica", disse Spargolli. "Agora, casos como a fuga acontecem, não
dá para evitar a corrupção do pessoal responsável pela segurança."
O tenente Melquisedec Nascimento, presidente da Associação
dos Policiais Militares Auxiliares e
Especialistas do Estado do Rio,
disse ontem que a transferência é
ilegal e que a entidade entrará tentará na Justiça reverter a medida.
"Fomos surpreendidos com essa transferência intempestiva. O
estatuto da PM, uma lei estadual,
estabelece que eles devem ficar
presos nos batalhões. Isso é uma
ilegalidade."
(GILMAR PENTEADO, GABRIELA WOLTHERS e MICHEL ALECRIM)
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