São Paulo, quinta-feira, 28 de outubro de 2004

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SEGURANÇA

Para desativar cadeias em batalhões, Estado leva policiais para unidade que já teve rebelião com morte e fuga

Rio coloca PMs detidos em unidade de presos comuns

DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DO RIO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Policiais militares que estavam presos em batalhões do Rio esperando julgamento foram transferidos ontem para o antigo presídio de Benfica, na zona norte. Apesar de ocupar um andar exclusivo, os PMs estão numa mesma unidade que presos comuns. Eles passaram o dia em protesto.
O presídio, agora Centro de Observação e Reintegração Social de Benfica, teve 31 pessoas mortas em rebelião entre 29 e 31 de maio. Ontem, 91 PMs chegaram ao local. No andar de cima, 105 presos comuns cumprem pena.
Em protesto, os policiais bateram nas grades, gritaram palavras de ordem contra o Estado, criticaram a falta de comida, de água, de colchões, e de segurança.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública, a transferência visa acabar com prisões nos batalhões. A medida teria sido fruto de acordo entre dois órgãos estaduais, o comando da PM e a Secretaria de Administração Penitenciária.
"É o embrião de um presídio militar", resumiu o subsecretário de Administração Penitenciária Francisco Spargolli, sem explicar o motivo de o Estado não ter removido os presos comuns antes.
A Secretaria de Segurança disse haver ainda nos quartéis 214 policiais e que, sem as prisões nos batalhões, os PMs que fazem custódia serão deslocados para as ruas.
A segurança do presídio de Benfica já se mostrou precária. Além da rebelião de maio, 48 presos fugiram por cordas no último dia 10. Uma delas foi posta na guarita.
"Segurança física existe em Benfica", disse Spargolli. "Agora, casos como a fuga acontecem, não dá para evitar a corrupção do pessoal responsável pela segurança."
O tenente Melquisedec Nascimento, presidente da Associação dos Policiais Militares Auxiliares e Especialistas do Estado do Rio, disse ontem que a transferência é ilegal e que a entidade entrará tentará na Justiça reverter a medida.
"Fomos surpreendidos com essa transferência intempestiva. O estatuto da PM, uma lei estadual, estabelece que eles devem ficar presos nos batalhões. Isso é uma ilegalidade." (GILMAR PENTEADO, GABRIELA WOLTHERS e MICHEL ALECRIM)


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