São Paulo, sexta-feira, 28 de outubro de 2005

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RETRATOS DO PAÍS

Estudo foi feito nas capitais com base na satisfação dos moradores; Brasília lidera e Rio Branco fica em último lugar

São Paulo é só a 11º no ranking de satisfação

LUCIANA BRAFMAN
DA SUCURSAL DO RIO

A capital mais rica e mais importante do país é apenas uma cidade mediana para viver, segundo pesquisa que mediu a satisfação de moradores de 26 capitais e de Brasília. Ficou em 11ª lugar nesse ranking atrás de, por exemplo, Palmas e Campo Grande.
Já Brasília foi eleita a melhor capital do país e Rio Branco, a pior. O Rio ocupa a décima posição.
O estudo, divulgado ontem pela Fundação Getúlio Vargas, foi feito com base em 12 itens analisados em cada uma das 27 capitais. Na comparação, Brasília recebeu uma avaliação 113,52% acima da média nacional. Ou seja, o número de moradores de Brasília que se disseram satisfeitos por viver lá é mais que o dobro da média nacional de satisfação nas cidades em que vivem os demais brasileiros.
São Paulo ficou apenas 18,91% acima dessa média. E o Rio de Janeiro, 20,50%.
No outro extremo, Rio Branco foi considerada a pior, na opinião de seus próprios moradores, que avaliaram a capital do Acre negativamente: 64,94% abaixo da média nacional.
O estudo da FGV toma por base a percepção das pessoas com relação a 12 variáveis -como serviços públicos, poluição e violência- que refletem a qualidade de vida nas capitais. A partir dos resultados obtidos por meio de questionários, calcula-se uma média nacional. O ranking das capitais é elaborado, então, por meio do Índice de Condições de Vida (ICV), um percentual que mede a satisfação em cada cidade, sempre na comparação com a média nacional.
As 12 variáveis consideradas na pesquisa foram: avaliação da renda total familiar, quantidade de alimentos consumidos, tipos de alimento consumido, avaliações do serviço de água, da coleta de lixo, da iluminação de rua, da drenagem e escoamento de água de chuva, do fornecimento de energia elétrica, de problemas com rua ou vizinhos barulhentos, de problemas com poluição ou ambientais causados pelo trânsito ou indústria, de problemas com violência ou vandalismo na área de residência, e as condições de moradia da família.

Dados fundamentais
O economista Fernando Blumenschein, coordenador da pesquisa, disse que uma vez estabilizada a economia brasileira, a população tem se voltado cada vez mais para a qualidade das condições de vida do dia-a-dia. Para ele, apesar de tomar por base avaliações dos moradores, subjetivas, os dados são fundamentais para orientar as políticas públicas.
Mesmo com parâmetros subjetivos, a pesquisa mostra uma nítida desigualdade entre as capitais. De acordo com o economista, o fato de São Paulo e Rio ocuparem posições intermediárias mostra que não são percebidas como as melhores capitais para se viver.
Já as capitais das regiões Norte e Nordeste apresentaram resultados significativamente piores do que os das demais. Não por acaso as dez piores cidades do ranking são dessas regiões. Nenhuma capital do Norte recebeu avaliação com saldo favorável. Inversamente, todas as capitais do Sul e Sudeste registraram um ICV positivo. No Nordeste, apenas Aracaju, Salvador e Natal -12ª, 13ª e 14ª colocações, respectivamente- tiveram desempenhos positivos.
Para Blumenschein, um crescimento médio anual de só 0,6% na renda per capita nos últimos 25 anos aliado a investimentos insuficientes e mal alocados nas áreas públicas tornaram ruins as condições de vida dos brasileiros.
Blumenschein recomenda que outras variáveis -como avaliação de serviços de saúde, educação, transportes e cultura- sejam incorporadas nas pesquisas dos próximos anos.
O índice foi construído por meio dos dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), de 2002/2003, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que costuma ser divulgada de cinco em cinco anos. A FGV estuda uma forma de tornar mais freqüente o monitoramento das condições de vida.


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