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RETRATOS DO PAÍS
Estudo foi feito nas capitais com base na satisfação dos moradores; Brasília lidera e Rio Branco fica em último lugar
São Paulo é só a 11º no ranking de satisfação
LUCIANA BRAFMAN
DA SUCURSAL DO RIO
A capital mais rica e mais importante do país é apenas uma cidade mediana para viver, segundo pesquisa que mediu a satisfação de moradores de 26 capitais e
de Brasília. Ficou em 11ª lugar
nesse ranking atrás de, por exemplo, Palmas e Campo Grande.
Já Brasília foi eleita a melhor capital do país e Rio Branco, a pior.
O Rio ocupa a décima posição.
O estudo, divulgado ontem pela
Fundação Getúlio Vargas, foi feito
com base em 12 itens analisados
em cada uma das 27 capitais. Na
comparação, Brasília recebeu
uma avaliação 113,52% acima da
média nacional. Ou seja, o número de moradores de Brasília que se
disseram satisfeitos por viver lá é
mais que o dobro da média nacional de satisfação nas cidades em
que vivem os demais brasileiros.
São Paulo ficou apenas 18,91%
acima dessa média. E o Rio de Janeiro, 20,50%.
No outro extremo, Rio Branco
foi considerada a pior, na opinião
de seus próprios moradores, que
avaliaram a capital do Acre negativamente: 64,94% abaixo da média nacional.
O estudo da FGV toma por base
a percepção das pessoas com relação a 12 variáveis -como serviços públicos, poluição e violência- que refletem a qualidade de
vida nas capitais. A partir dos resultados obtidos por meio de
questionários, calcula-se uma
média nacional. O ranking das capitais é elaborado, então, por
meio do Índice de Condições de
Vida (ICV), um percentual que
mede a satisfação em cada cidade,
sempre na comparação com a
média nacional.
As 12 variáveis consideradas na
pesquisa foram: avaliação da renda total familiar, quantidade de
alimentos consumidos, tipos de
alimento consumido, avaliações
do serviço de água, da coleta de lixo, da iluminação de rua, da drenagem e escoamento de água de
chuva, do fornecimento de energia elétrica, de problemas com rua
ou vizinhos barulhentos, de problemas com poluição ou ambientais causados pelo trânsito ou indústria, de problemas com violência ou vandalismo na área de
residência, e as condições de moradia da família.
Dados fundamentais
O economista Fernando Blumenschein, coordenador da pesquisa, disse que uma vez estabilizada a economia brasileira, a população tem se voltado cada vez
mais para a qualidade das condições de vida do dia-a-dia. Para ele,
apesar de tomar por base avaliações dos moradores, subjetivas,
os dados são fundamentais para
orientar as políticas públicas.
Mesmo com parâmetros subjetivos, a pesquisa mostra uma nítida desigualdade entre as capitais.
De acordo com o economista, o
fato de São Paulo e Rio ocuparem
posições intermediárias mostra
que não são percebidas como as
melhores capitais para se viver.
Já as capitais das regiões Norte e
Nordeste apresentaram resultados significativamente piores do
que os das demais. Não por acaso
as dez piores cidades do ranking
são dessas regiões. Nenhuma capital do Norte recebeu avaliação
com saldo favorável. Inversamente, todas as capitais do Sul e Sudeste registraram um ICV positivo. No Nordeste, apenas Aracaju,
Salvador e Natal -12ª, 13ª e 14ª
colocações, respectivamente- tiveram desempenhos positivos.
Para Blumenschein, um crescimento médio anual de só 0,6% na
renda per capita nos últimos 25
anos aliado a investimentos insuficientes e mal alocados nas áreas
públicas tornaram ruins as condições de vida dos brasileiros.
Blumenschein recomenda que
outras variáveis -como avaliação de serviços de saúde, educação, transportes e cultura- sejam incorporadas nas pesquisas
dos próximos anos.
O índice foi construído por
meio dos dados da Pesquisa de
Orçamentos Familiares (POF), de
2002/2003, do IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística), que costuma ser divulgada de
cinco em cinco anos. A FGV estuda uma forma de tornar mais freqüente o monitoramento das
condições de vida.
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