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POLÍCIA PRIVADA
Saulo propõe debate sobre o bico de PMs
DA REPORTAGEM LOCAL
O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho, propôs ontem
que haja um debate em torno da
possibilidade de policiais militares fazerem bicos remunerados
em seus dias de folga.
Saulo, no entanto, disse considerar ser "coisa de gângster" o fato de PMs fardados, no horário de
serviço, oferecerem proteção especial a moradores de classe média que pagarem pelo serviço, como revelou a Folha ontem.
Segundo o secretário, a realização de bicos "é uma questão cultural de décadas". "Há médicos e
professores com empregos públicos e privados. É um vício no funcionalismo, mas, quando acontece com policiais, chama mais
atenção", afirmou.
O bico é uma prática adotada
por policiais para completar o salário. Saulo não comentou o fato
de policiais alegarem que isso
acontece em decorrência de baixos salários- em São Paulo, a remuneração inicial é de R$ 1.300.
O secretário apontou duas saídas para a questão do bico. "A primeira é aceitá-lo, como ocorre em
vários países. Paga-se uma parte
para a corporação, outra para o
policial e ele vai para a rua fardado." Mas Saulo não considera essa a melhor opção "porque tem
gente que não poderia pagar".
A outra saída seria mudar os
turnos, de 12 horas de trabalho
por 36 horas de folga, para expedientes de oito horas por dia. "Tira a desculpa [da folga]. É o que
fazemos na ronda escolar."
O secretário defendeu a cobrança de taxas para quem realizar
eventos que exijam a presença de
grandes efetivos policiais. "Quem
se dispõe a fazer espetáculos que
levam milhares de pessoas tem
que assumir o risco. E tem que pagar. É o mesmo princípio do pedágio. Serviço público, quando é
direcionado para um nicho, tem
que pagar", afirmou.
Sobre os PMs que vendem segurança no horário de trabalho, o
secretário disse: "É inaceitável,
começando do comandante".
"Oferecer segurança não. Já é coisa de gângster. Cai todo mundo,
decreta intervenção em Conseg,
prende. É coisa de Al Capone."
Reportagem da Folha revelou
que a utilização dos serviços de
policiais militares para a proteção
de vias, em substituição aos vigias
de rua, ocorre em bairros como
Cidade Vargas e Vila Parque Jabaquara, na zona sul, e teve a colaboração de uma presidente de
Conseg (Conselho Comunitário
de Segurança).
(VICTOR RAMOS)
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