São Paulo, sexta-feira, 28 de outubro de 2005

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POLÍCIA PRIVADA

Saulo propõe debate sobre o bico de PMs

DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho, propôs ontem que haja um debate em torno da possibilidade de policiais militares fazerem bicos remunerados em seus dias de folga.
Saulo, no entanto, disse considerar ser "coisa de gângster" o fato de PMs fardados, no horário de serviço, oferecerem proteção especial a moradores de classe média que pagarem pelo serviço, como revelou a Folha ontem.
Segundo o secretário, a realização de bicos "é uma questão cultural de décadas". "Há médicos e professores com empregos públicos e privados. É um vício no funcionalismo, mas, quando acontece com policiais, chama mais atenção", afirmou.
O bico é uma prática adotada por policiais para completar o salário. Saulo não comentou o fato de policiais alegarem que isso acontece em decorrência de baixos salários- em São Paulo, a remuneração inicial é de R$ 1.300.
O secretário apontou duas saídas para a questão do bico. "A primeira é aceitá-lo, como ocorre em vários países. Paga-se uma parte para a corporação, outra para o policial e ele vai para a rua fardado." Mas Saulo não considera essa a melhor opção "porque tem gente que não poderia pagar".
A outra saída seria mudar os turnos, de 12 horas de trabalho por 36 horas de folga, para expedientes de oito horas por dia. "Tira a desculpa [da folga]. É o que fazemos na ronda escolar."
O secretário defendeu a cobrança de taxas para quem realizar eventos que exijam a presença de grandes efetivos policiais. "Quem se dispõe a fazer espetáculos que levam milhares de pessoas tem que assumir o risco. E tem que pagar. É o mesmo princípio do pedágio. Serviço público, quando é direcionado para um nicho, tem que pagar", afirmou.
Sobre os PMs que vendem segurança no horário de trabalho, o secretário disse: "É inaceitável, começando do comandante". "Oferecer segurança não. Já é coisa de gângster. Cai todo mundo, decreta intervenção em Conseg, prende. É coisa de Al Capone."
Reportagem da Folha revelou que a utilização dos serviços de policiais militares para a proteção de vias, em substituição aos vigias de rua, ocorre em bairros como Cidade Vargas e Vila Parque Jabaquara, na zona sul, e teve a colaboração de uma presidente de Conseg (Conselho Comunitário de Segurança). (VICTOR RAMOS)


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