São Paulo, terça-feira, 28 de outubro de 2008

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PMs são deslocados para evitar confronto com policiais civis

Homens que fazem policiamento ostensivo foram retirados da região central pelo comando da PM durante manifestação

Grevistas, alguns deles armados, agrediram um motoboy e uma equipe da TV Globo; foi o maior ato da categoria no Estado

DA REPORTAGEM LOCAL

O comando da Polícia Militar retirou seus homens que fazem o policiamento ostensivo na região central, ontem à tarde, durante a manifestação de entidades ligadas à Polícia Civil. Segundo a Segurança Pública, a medida foi tomada para evitar um novo confronto entre policiais civis em greve e PMs.
O protesto, o maior realizado pela categoria, reuniu mais de 5.000 pessoas, segundo os grevistas, ou cerca de 3.000, conforme a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).
Os manifestantes foram aplaudidos por parte da população em uma caminhada pelo centro. Mas houve também momentos tensos. Os policiais chegaram a agredir um motoboy e uma equipe da TV Globo.
"Não fiz nada. Tentei atravessar e o cara já chegou batendo. Isso é falta de respeito. Por que ele me bateu?", disse, chorando, o motoboy Jairo Ribeiro dos Santos, 22. Ele foi agredido porque tentou passar, empurrando sua moto, perto dos manifestantes que bloqueavam o acesso ao viaduto do Chá.
Além do policiamento motorizado, a PM retirou seus policiais de pelo menos cinco pontos fixos entre a praça da Sé, onde começou o protesto, e a Delegacia Geral, em Santa Ifigênia, fim da caminhada. O ato durou quatro horas e até a Secretaria de Segurança Pública, na rua Líbero Badaró, ficou com as portas trancadas.
O governo também retirou a escolta oficial dos grevistas, feita em atos anteriores pelos grupos de elite da Polícia Civil (GOE e Garra). Isso porque, no protesto do dia 16, alguns policiais passaram para o lado dos manifestantes e participaram do confronto com a PM.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública, a decisão de retirar os PMs da rota dos manifestantes buscou evitar "atos de provocação". Essa decisão foi tomada, segundo a pasta, pelo coronel Álvaro Camilo, comandante do policiamento da região central.
A secretaria informou que a PM deixou seus pontos só durante a manifestação e que ela permaneceu de prontidão.
Os policiais civis estão em greve desde 16 de setembro, em campanha salarial, e dizem que só vão suspendê-la após nova proposta do Estado. O governo ofereceu aos policiais um reajuste de 6,5% em 2009 e outro no ano seguinte. Também ofereceu alguns benefícios, como aposentadoria especial.
As entidades, segundo a Folha apurou, estudam fazer novo ato perto do Palácio dos Bandeirantes. A secretaria informou que todos os protestos são acompanhados "atentamente" pela Corregedoria da Polícia Civil e que o entorno do Palácio é área de restrição. (ROGÉRIO PAGNAN, LUIS KAWAGUTI, RICARDO SANGIOVANNI e EVANDRO SPINELLI)


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